O senador Eduardo Braga pode ser acusado de tudo, menos de burro. Entende que se não conquistar o governo do Estado agora, ainda dispondo de quatro anos de Senado, fato que lhe permite uma disputa cômoda e confortável, nunca mais voltará ao poder.
Tem inimigos poderosos, alguns declarados, caso do prefeito Arthur Neto, e outros meio dissimulados, como o governador Omar Aziz, mas ambos, mesmo assim, guardam certo temor ou receio do potencial eleitoral de Braga e de suas fortes relações com o comando nacional do PT e com o Palácio do Planalto. Não se deve esquecer jamais que Braga é amigo pessoal de Lula, que sempre tem a última palavra em seu partido, e líder do governo Dilma na Câmara Alta.
Assim, dispõe de uma grande fatia de poder na República e de instrumentos irresistíveis de pressão. Até quando, e a indagação é elementar, Omar será capaz de resistir a uma determinação da presidente Dilma e do ex-presidente Lula? É claro que não terá como deixar de atender a um pedido, entre aspas, vindo de quem governa a Nação e que continuará no comando do País, como tudo indica.
No frigir dos ovos quem continuará falando sozinho e isolado é o prefeito Arthur Neto, com seu candidato Aécio Neves e seu PSDB, adversários os mais ferozes do governo e do projeto petista de poder.
Não custa lembrar que no passado Arthur já sofreu o mesmo tipo de isolamento político, quando aliou-se a Gilberto Mestrinho, na tentativa de derrotar Amazonino Mendes, quando candidato a prefeito de Manaus, com Eduardo Braga de vice. Foram ambos fragorosamente derrotados por Amazonino e Arthur ficou falando sozinho, distante de seus aliados históricos, o que o levou a amargar um processo de recuperação doloroso e ainda em curso.
Na última eleição para o governo, Arthur teve menos votos do que seu atual vice-prefeito, Hissa Abrahão, e perdeu o pleito para o Senado, derrotado por Braga e Vanessa.
E esta é a leitura do senador Eduardo Braga, por sinal das mais elementares. Braga sabe mais do que ninguém que tem tudo para ganhar as eleições governamentais, concorrendo com os candidatos que ora se apresentam, Rebecca e Melo, que não terão fôlego e muito menos cacife eleitoral para enfrentá-lo nas urnas.