Do ATUAL
MANAUS – Um mulher que sofria abuso no relacionamento com um indígena em São Gabriel da Cachoeira, foi resgatada pela Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa. A violência cometida contra Suelen Lopes Martins foi revelada nesta quarta-feira (10) pela deputada Alessandra Campelo (PSC).
De acordo com a parlamentar, o caso se arrastou por algum tempo, mas somente após a retirada da mulher foi seguro dar publicidade ao fato.
“Em 24 de abril, fomos informados por uma pessoa da família da vítima de agressão, chamada Suelen. A história da Suelen é assim: ela casou com um indígena em São Gabriel da Cachoeira a alguns anos e foi morar em uma comunidade indígena em Iauaretê. A Suelem viveu um relacionamento de anos e anos de agressão, humilhação e tortura psicológica”, disse a deputada.
A partir do pedido feito pela irmã de Suelen, a Procuradoria da Mulher começou a agir. De acordo com a deputada, “Suelen fugiu do relacionamento e trouxe uma das filhas, mas deixou outras duas, pequenas, porque nao teve como trazer”.
Pelo relato apresentado pela parlamentar, já em Manaus, após fugir da aldeia em São Gabriel da Cachoeira, Suelen sofreu perseguição e ameças do indígena, pelas redes sociais, e registrou boletim de ocorrência. Porém, “acreditando em promessas de mudanças do indígena”, Suelen voltou a São Gabriel, para conversar com o marido e decidir se ficaria na aldeia.
Entretanto, a mulher voltou a ser agredida pelo marido, que também passou a agredir as filhas e tentou matar Suelen, por enforcamento, disse a Alessandra. Suelen voltou a fugir, desta vez conseguindo levar as três crianças. “O indígena tocou fogo na casa e Suelen perdeu todos os pertences e documentos”.
Alessandra diz que após o incêndio, o indígena ameçou matar Suelen, as crianças, e se matar. Diante da situação, a Procuradoria da Mulher recorreu ao CMA (Comando Militar da Amazônia) para resgatar Suelen, já que o Exército tem uma base em São Gabriel. De acordo com a deputada, “o Exército respondeu que não podia agir sem ordem judicial, por se tratar de território indígena”.
A Procuradoria da Mulher buscou ajuda na Funai (Fundação Nacional do Índio). “Eles disseram que iam retirar a Suelen. Psicológocos do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) ouviram a Suelen e sabiam que ela estava correndo risco. Todo dia ia sair um avião; noutro dia ia sair um avião, e nada acontecia. Foi quando descobrimos a verdade: ela [Suelen] mandou um áudio para a irmã, dizendo que o conselho indígena reuniu e ‘decidiu’ que ela tinha que se reconciliar com o agressor e proibiu a saída dela com as crianças”, afirma Alessandra.
“Com medo de morrer, Suelen fugiu de Iauaretê, buscou refúgio em uma residência de São Gabriel da Cachoeira e a Funai ainda tentou ir atrás dela”, disse Alessandra. No sábado (6), Suelen retornou a Manaus com as filhas e está recebendo apoio da Procuradoria da Mulher da Assembleia.
O ATUAL solicitou esclarecimentos sobre o caso à Funai, mas até a publicação da materia não houve respostas.