MANAUS – O deputado José Ricardo Wendling (PT), juntamente com o deputado Luiz Castro (PPS) e deputada Alessandra Campêlo (PCdoB), e a liderança do Comitê Dora entregaram na manha desta sexta-feira, 2, à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) documentação com todo o histórico do caso, inclusive, com novos documentos que estavam em poder somente da líder da Comunidade Portelinha, Maria das Dores dos Santos Salvador (Dona Dora), no Município do Iranduba, que foi assassinada no último dia 12 de agosto.
Eles cobraram celeridade e rigor nas investigações, com a prisão de quem realmente matou a líder comunitária, permanência na prisão do então mandante do crime, Adson Dias, o “Pinguelão, e afastamento de policiais que estariam envolvidos nesse caso, para que se faça justiça e evite novas mortes na localidade (muitos comunitários continuam ameaçados de morte). Ainda reafirmaram pedido que fizeram na Justiça para a Criação da Vara Especializada nas Questões Agrárias, dando prioridade aos julgamentos de processos de conflitos de terras.
Para José Ricardo, a Secretaria de Segurança precisa dar uma resposta definitiva ao caso, prendendo todos os envolvidos, inclusive, punindo e afastando policiais, se assim forem confirmadas as denúncias. Ele afirmou que também entregará essa documentação na Corregedoria da Polícia, reforçando a cobrança. “A polícia precisa finalizar todo esse caso, fazendo justiça a morte de Dona Dora. Enquanto não prender todos os envolvidos, continuarão as ameaças e outras mortes ainda podem acontecer”, declarou ele, que também encaminhou Indicação ao Tribunal de Justiça para a criação da Vara Agrária. “É preciso dar prioridade aos julgamentos de processos de conflitos de terras. Hoje, entram no rol da lista de processos da justiça e demoram muito tempo para serem resolvidos. Enquanto isso, pessoas são perseguidas e mortas”.
O esposo de Dona Dora, senhor Gerson Priante, que também está ameaçado de morte, cobrou uma solução da polícia sobre esse caso. “Sei que no Brasil somente 15% dos crimes são solucionados. Mas espero que aqui no Amazonas casos como o de Dora não fiquem impunes. Somente assim, podemos evitar outras mortes”, declarou. Também participaram da reunião representantes da Marcha Mundial das Mulheres e Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.
“Vamos acompanhar esse caso, por meio da Comissão da Mulher, das Famílias e do Idoso, sugerindo também a remoção dos policiais civis e militares que trabalham no Iranduba, tendo em vista que as lideranças denunciaram o descaso das autoridades policiais na investigação”, afirmou a deputada Alessandra Campêlo.
Entenda o caso
Maria das Dores dos Santos Salvador, Dona Dora, foi uma liderança comunitária, que lutava contra pessoas que estavam enganando famílias com vendas irregulares de terras. No dia 12 de agosto deste ano, ela foi sequestrada e assassinada. Dora foi retirada de dentro de sua casa e morta com vários tiros, a maioria no rosto e seu corpo abandonado num ramal.
No mês de abril, o deputado José Ricardo esteve acompanhando Dona Dora e um grupo de mulheres, junto a Secretaria de Segurança do Estado, denunciando as perseguições e inúmeras ameaças registradas em 18 Boletins de Ocorrências na delegacia de Iranduba, contra Adson, o “Pinguelão”, envolvido na venda irregular de terras e drogas, e que se dizia “dono do pedaço” e amigo de policiais. A polícia chegou a prender o acusado, que tinha armas e munição, mas não permaneceu preso.
Dora esteve também na Assembleia Legislativa, no dia 24 de junho, onde de público denunciou o que estava acontecendo na comunidade. Este fato foi semelhante ao que vitimou Margarida Maria Alves deu origem a “Marcha das Margaridas”.
(Com informações da Assessoria)