MANAUS – Ao final da manifestação de protesto realizada na manhã deste sábado, 22, por amigos e familiares de Alessandra Solart Amorim, 33 anos, morta em acidente de trânsito no dia 14 deste mês, os organizadores propuseram ao vereador Professor Bibiano (PT), que participou do evento, a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal para tratar dos casos de morte ocorridas no trânsito de Manaus.
O vereador acatou a sugestão e prometeu apresentar nesta semana o requerimento para a audiência. A intenção é convidar familiares de pessoas que perderam a vida no trânsito por conta da imprudência de motoristas. Também serão convidadas autoridades de trânsito, como o presidente do Detran-AM, Leonel Feitoza, e o presidente do Manaustrans, Paulo Henrique Martins, para ouvirem os relatos dos familiares e discutirem sugestões de combate à violência no trânsito.
Durante o protesto deste sábado, os manifestantes pediram que o condutor do carro que matou Alessandra Solart e feriu gravemente o irmão dela, Jorge Adriano Rodrigues Solart, 31 anos, seja levado a Júri Popular, formado por um grupo de cidadãos e usado em julgamentos de crimes contra a vida. A família da vítima considera que Gleidson Sena Amaral cometeu crime doloso, quanto há intenção de matar, porque confessou à polícia que passou a noite bebendo com amigos e depois saiu dirigindo o carro que se envolveu no acidentes.
Gleidson, no depoimento, negou a versão inicial e disse que não ingeriu bebida alcoólica. A polícia só realizou o teste de alcoolemia (teste do bafômetro) seis horas depois do acidente, e o teor alcoólico identificado ficou abaixo do permitido em lei.
No fim da manifestação, o padre salesiano Manoel de Jesus, da Paróquia de São José Operário Aleixo, fez uma oração pela família de Alessandra e por todas as vítimas do trânsito de Manaus.
Os manifestantes também distribuíram uma nota de repúdio às autoridades pela inércia diante do crescente número de acidentes com vítimas fatais no trânsito, e pedindo punição ao motorista que matou Alessandra. Confira a nota abaixo.
NOTA DE REPÚDIO
JÚRI POPULAR AO ASSASSINO DE ALESSANDRA SOLART, GRÁVIDA DE SEIS MESES DE SUA FILHA NAIANA
Nós, AMIGOS, FAMILIARES E AS PARÓQUIA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO DO ALEIXO e CRISTO REI, por meio deste nos dirigimos às autoridades constituídas de nosso estado e ao público em geral, para manifestar nosso repúdio à violência no trânsito que levou a óbito a jovem mãe ALESSANDRA SOLART, com seis meses de gestação.
Na sexta feira, 14 de agosto, aconteceu o triste episódio em que um motorista embriagado assassinou em acidente de trânsito a jovem Alessandra Solart e seu bebê. Alessandra em companhia de seu irmão Jorge se dirigia a uma Maternidade para realizar exame de rotina para o pré-natal. Na Avenida General Rodrigo Otávio, próximo à Bola da Suframa, foi atropelada e morta por um veículo conduzido por um motorista alcoolizado e possivelmente sob efeitos de outras substâncias. O veículo estava em alta velocidade, vindo a ser comprovado posteriormente, que o motorista sequer possuía Carteira de Habilitação para conduzir o automóvel.
O episódio que culminou com a morte precoce de Alessandra Solart e a criança que carregava no ventre não é novidade, pois o número de acidentes fatais no trânsito de nossa cidade vem crescendo assustadoramente nos últimos anos. A cada acidente surge um cenário doloroso já conhecido por muitas famílias: a perda de entes queridos.
Nossos filhos e filhas estão sendo vítimas fatais da negligência, imprudência, imperícia e indiferença de condutores sem compromisso com a vida humana. A cada vida ceifada nas ruas de Manaus, a dor da perda se junta a uma sensação de impunidade em favor de assassinos embriagados que utilizam seus automóveis como arma.
Clamamos à Justiça para aplicar uma punição mais severa ao assassino de Alessandra, pois não é justo que um motorista que trata a vida com descaso receba a punição de um crime culposo. Que responda por duplo homicídio doloso (intencional), por ter assumido o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e embriagado. Que o mesmo responda por tentativa de homicídio, visto que, o irmão de Alessandra, Jorge Solart, se encontra em estado gravíssimo na UTI do Hospital João Lúcio.
Manifestamos nossa solidariedade à família enlutada e a todos os amigos (as) que Alessandra constituiu em sua caminhada na Igreja Católica, onde atuava como catequista, no trabalho, na comunidade e na Faculdade Uninorte, onde concluiu o curso de Serviço Social. Conclamamos que a Justiça do Estado do Amazonas tome este caso como referência em favor da vida dos cidadãos e em favor da Paz no trânsito de nossa cidade.
Justiça! É o que pedimos!
Manaus-Am, 22 de agosto de 2015.