EDITORIAL
MANAUS – O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Vianna, passou de todos os limites, ao afirmar em vídeo gravado por ele próprio que os médicos do Estado estavam praticando eutanásia.
A notícia falsa, que ganhou repercussão nacional, servia apenas aos propósitos políticos do presidente da entidade sindical, que tenta a todo o custo desestabilizar o governo. Lembre-se que Mário Vianna e a vice-presidente do Simeam, Patricia Sicchar, são os autores do pedido de impeachment analisado e rejeitado pela Assembleia Legislativa do Amazonas no ano passado.
Em reação à fala de Mário Vianna, entidades e empresas que agregam médicos no Estado emitiram uma nota para repudiar as declarações sobre eutanásia, uma prática criminosa (crime de homicídio) passível de pena de prisão.
Não se questiona o fato de o sindicato de qualquer categoria agir politicamente. A própria natureza da entidade é política. Mas Mário Viana extrapola a atuação política institucional e parte para uma atuação política partidária, desde muito antes da pandemia.
Ainda em 2018, durante a campanha eleitoral para governador, o Sindicato dos Médicos do Amazonas e dezenas de empresas e cooperativas médicas e de outros profissionais de saúde, aceitaram cinco meses de atraso no pagamento de seus contratos com o governo do Estado para proteger a imagem do governante que concorria à reeleição. Não queriam, disseram depois, interferir no processo eleitoral. Caso denunciassem o atraso, prejudicariam a candidatura de Amazonino Mendes.
Depois da derrota de Amazonino, pouco antes d’ele deixar o cargo, essas mesmas empresas e cooperativas passaram a pressionar o governo para receber o que lhe era de direito e que estava suspenso há quase seis meses. A pressão aumentou quando o governo Wilson Lima começou. Ameaças de paralisação dos serviços de saúde e cobrança para que o atraso milionário fosse quitado. Nada ilegal, mas visivelmente politizado, num momento em que o governo tinha dificuldades de bancar aquela despesa pretérita, e com um déficit de R$ 1 bilhão na saúde (diferença entres as despesas geradas no governo anterior e o orçamento do Estado para a pasta).
Naquele momento o Sindicato dos Médicos entrou em ação. Para defender a categoria? Sim, mas foi além. Passou a denunciar o caos na saúde do Estado, expondo situação dos hospitais, com superlotação, falta de medicamentos, falta de pessoal suficiente e falta de pagamento de pessoal de toda ordem, principalmente os contratados por empresas terceirizadas.
Reprovável tal atuação? Não! Mas aquela situação já se arrastava desde o governo de José Melo, passando pelo governo interino de David Almeida e se mantendo sob Amazonino. Nenhuma denúncia veio à tona pelo sindicato. Nenhuma ação contra as empresas que contrataram e não pagaram os médicos. A culpa, em ultima instância, era do governador que não pagou as empresas. Todos os ex-governadores também? Para o presidente do Simeam, não!
Logicamente, apenas o atual governador poderia quitar a dívida, mas o que chama a atenção é o fato de o problema nunca ter sido questionado pela entidade sindical quando as empresas padeciam em governos no passado recentes e pacientes morriam por falta de atendimento adequado nos hospitais.
Em outro vídeo, Mário Vianna aplaude o presidente da República Jair Bolsonaro por decidir enviar ao Amazonas o seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para “iniciar a implantação de um protocolo de tratamento precoce da Covid-19”, mas palavras de Vianna.
O presidente da entidade sindical diz que “felizmente” a voz do Sindicato dos Médicos foi ouvida e, “com certeza, esse protocolo” de tratamento precoce, “vai [iria, no caso] trazer uma mudança radical no tratamento da Covid-19 em Manaus”. Errou feio!
O tratamento precoce foi alvo de críticas de médicos que trabalham na linha de frente da Covid-19. Alguns, inclusive se recusaram a colocar seu carimbo com o “CRM” nas receitas para a administração de Cloroquina.
O tratamento se mostrou ineficiente no combate à Covid-19, tanto foi assim que o Amazonas voltou a ser notícia mundial, e o ministro da Saúde passou a ser investigado no Supremo Tribunal Federal pela ação equivocada no enfrentamento à pandemia na capital amazonense.
Alinhado a políticos de oposição do governo estadual, a direção do Sindicato dos Médicos age não para tentar melhorar o atendimento de saúde no Estado ou a qualidade do ambiente de trabalho dos médicos, mas para expor as fraturas do sistema de saúde com a intenção puramente política.
Assim, a vice-presidente do sindicato, com entrada livre nas unidades de saúde, passou a produzir vídeos das enfermarias e a distribuir nas redes sociais e para os meios de comunicação denunciando a situação.
Por ocasião da passagem do jornalista Roberto Cabrini, na semana em que faltou oxigênio em Manaus, Patrícia Sicchar entrou junto com ele em hospitais que tratam pacientes com Covid-19. O jornalista, que não tinha autorização para entrar em uma unidade de saúde onde nem parentes podem visitar os internados, o fez sorrateiramente, disfarçado de médico, com a ajuda da vice-presidente do Simeam. Ambos filmaram os doentes com seus próprios aparelhos de telefone celular.
Mas os efeitos políticos da atuação do Sindicato dos Médicos do Amazonas são pífios, uma vez que o alinhamento político do presidente e da vice é bem conhecido de todos. Sem a credibilidade necessária para ser levado a sério, Mário Vianna precisa produzir cada vez mais factoide e, na terça-feira, 26, chegou ao cúmulo de acusar seus pares de prática de eutanásia.
Ultrapassou todos os limites do razoável.
Privatizem o Estado do Amazonas. A democracia fracassou!
Pior que a pandemia,só a imprensa brasileira!
É serio que o Mario Viana defendia esse tratamento precoce sem qualquer comprovacao científica? Eu ate achava que ele brigava bem oela categoria mas depois dessa fico com as minhas duvidas