MANAUS – O resultado das urnas em Manaus mostra que a estratégia de desconstruir a imagem do adversário não é suficiente para trazer o eleitorado para o lado do candidato que ataca.
Esta é a segunda eleição em quatro anos em que Amazonino Mendes é derrotado usando a mesma estratégia no segundo turno. A primeira foi em 2018, contra o candidato Wilson Lima.
No primeiro turno, em 2018, Amazonino Mendes fez uma campanha propositiva, paz e amor, usando, inclusive um bordão que funcionou nas eleições de 2017 com as iniciais do nome dele “AMA”.
No segundo turno, quando as pesquisas de intenção de voto mostravam vantagem de Wilson Lima, a campanha de Amazonino partiu para o ataque. Uma das estratégias foi tentar apresentar o candidato a vice-governador Carlos Almeida Filho como defensor de presos do sistema prisional do Amazonas.
Neste ano, no primeiro turno, a campanha de Amazonino foi voltada para a juventude, com uma linguagem que tentava aproximar o candidato de 81 anos dos novos eleitores. Em alguns casos, as pessoas chegam ao nível do caricato, apesar da criatividade empregada pelos marqueteiros.
No segundo turno, ao ver os números das pesquisas de intenção de voto favoráveis a David Almeida, Amazonino esqueceu o estilo do primeiro turno e partiu para desmontar a imagem do adversário.
Uma fala de Ricardo Nicolau, sem qualquer prova, dita durante um debate, de que “você quando teve oportunidade superfaturou cirurgias”, passou a ser usada como verdade pela propaganda eleitoral de Amazonino.
Aliados do candidato do Podemos passaram a desenterrar fatos ocorridos há mais de três anos e sobre os quais nada ficou provado, para acusar David Almeida de prática de corrupção.
Colar a imagem de David Almeida à de Wilson Lima também foi uma estratégia que funcionou e chegou a tirar votos do candidato do Avante.
Os esforços da equipe de marketing de Amazonino, no entanto, não foram suficientes para derrotar o adversário, apesar de diminuir sensivelmente a vantagem apontada pelas pesquisas na primeira semana do segundo turno.
O estilo de campanha eleitoral caiu em descrédito. O eleitor quer mais do que saber dos malfeitos do outro.