Por mais otimista ou pessimista que se possa ser, não se pode ignorar 2016 como um ano de incógnitas.
A frágil estabilidade da ordem planetária, assentada na busca da primazia da fórmula liberal binária, livre mercado (capitalismo) + liberdade política (democracia), é uma grande incógnita diante das pressões impostas pelo terror e pelas limitações naturais do meio ambiente. Dependendo da forma como os processos forem conduzidos, serão colhidos os frutos doces ou amargos desse processo. Sabe-se, todavia, que não é mais possível conviver com as violações aos direitos humanos nem com os atuais padrões de impactos sobre a natureza. A COP-21 externou isso de modo mais nítido ao deixar claro que não há futuro digno nem seguro para a humanidade caso a temperatura da terra aumente ao menos mais dois graus. É urgente a adoção de medidas por todos os países que viabilizem a efetividade do acordo de Paris, no final de 2015, relativo a conter o aumento da temperatura no planeta.
Ao lado disso, persistem as Incógnitas políticas, as incógnitas econômicas, incógnitas sociais e humanitárias. No caso do Brasil, além dessas, tem-se também as incógnitas eleitorais, dentre outras (judiciais, institucionais).
Embora o processo de impeachment tenha sido praticamente esvaziado, o ano novo tende a persistir no velho jogo político, sob a diretriz do raquitismo ético e do patrimonialismo que marcam a história institucional do país, sobretudo da medição política de uma ponta a outra. É ano olímpico e também de eleições municipais. Mas a suposta “reforma política” aprovada ano passado, mesmo com tudo o que tem sido evidenciado na operação lava-jato, manteve o patrocínio privado de campanhas eleitorais, agora não mais a candidatos, mas aos partidos políticos. Os esquemas mudam de titular-beneficiário, mas a lei continua a autorizar a persistência dos mesmos, inclusive fortalecendo o poder de caciques de partido. Há muito o que se fazer ainda, em termos de reforma política, com vistas a acabar com essa modalidade persistente de “coronelismo de barranco” na política brasileira.
Enfim, os indicadores objetivos e os cenários postos pra 2016 não são os mais animadores, todavia, é preciso seguir acreditando que algo novo e de positivo possa brotar nesse ano de complexas incógnitas.
Pontes Filho – Cientista Social
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