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MANAUS – Nos últimos 20 anos, o Amazonas teve uma queda brusca da atividade econômica, o que pode ser percebido com a redução da participação do Estado no PIB (Produto Interno Bruto( brasileiro. Como consequência, o estado registra um aumento no índice de pobreza e violência. Essa é a conclusão do empresário e ex-governador do Amazonas Samuel Hanan.
As informações estão no livro “Amazonas – perda de expressão socioeconômica nos últimos 20 anos”, lançado na quarta-feira (12), no auditório da UEA (Universidade Federal do Amazonas), ocasião em que Hanan fez uma explação sobre o tema.
Desde 2001, o estado perde entre R$ 100 bilhões e R$ 110 bilhões por ano de dinheiro circulante na esconomia do Estado. Manaus é, atualmente, a segunda capital e a terceira cidade mais violenta do Brasil. Só perde para Salvador (BA) e Mossoró (RN). E a 21ª cidade mais violenta do mundo.
Hanan diz que reverter o quadro de pobreza no Amazonas “se tornará extremamente difícil – senão impossível – caso não sejam adotadas no curto prazo medidas de impacto e inadiáveis”.
De acordo com o empresário, no Amazonas, o número de pessoas com carteira assinada é menor do que o número de pessoas que recebem Bolsa Família. Em 2021 o estado tinha 476.634 benefeciários do programa federal e 448.372 empregados com carteira assinada.
“Isto comprova tudo que eu falei, da degredação efetiva da economia e do lado social. O aumento da pobreza. Em dez anos saímos de 45,39% da população amazonense classificada como pobre para 51,42%”, disse Hanan na solenidade de lançamento do livro.
O engenheiro industrial também disse que 45,5% da população estão nas classes D e E e 95% nas classes C, D e E. “Quem tem remuneração de R$ 3,3 mil, bruto, é classe A. Esse é o retrato do nosso estado. O que que aconteceu para levar a isso?”, questionou para em seguida apontar a resposta.
“Eu vou dizer onde começou. Tudo começou em 20o2, vinte anos atrás. O PIB [Produto Interno Bruto] do Amazonas era 2,62% do PIB brasileiro. Hoje a participação do Amazonas no PIB brasileiro, vinte anos depois, é de 1,51%. Essa diferença apresenta algo entre R$ 100 ou R$ 110 bilhões que deixaram de circular dentro do estado, por ano, durante 20 anos. Daí esse retrato negativo de renda, de pobreza, de violência”, disse Hanan.
“O mais apressado vai indicar que faltou recurso público [para aplicar em combate à pobreza e violência]. Não é verdade. Hoje o Amazonas tem uma receita tributária que dá mais ou menos a 12ª ou 13ª posição em termos per capita no Brasil. Então não justifica esse estado horroroso que nós estamos vivendo”.
O termo per capita é usado para apontar a parte de cabe individualmente aos habitantes de uma localidade, após a divisão pelo todo. No caso específico citado por Hanan é a divisão da receita pública pelo número de habitantes do estado.