Por Rosiene Carvalho e Valmir Lima, da Redação
MANAUS – O candidato a vice-governador da coligação “União pelo Amazonas”, Marcelo Ramos (PR), afirmou em entrevista ao ATUAL, na tarde desta quarta-feira, 21, que antes de aceitar associar seu nome à candidatura do senador Eduardo Braga (PMDB) se cercou de informações de que haveria uma campanha tranquila sem ameaças da Lava-Jato. Ramos afirmou que, embora Braga se exponha mais, “muita gente está escondida com rabinho entre as pernas” com medo de novas operações.
“Eu tomei cuidado de ouvir e me cercar de informações de pareceres de pessoas, que me deram a tranquilidade de que vamos enfrentar uma campanha com absoluta tranquilidade. Até porque a Lava-jato não atinge só ele. Ele é o que se expôs na Lava-Jato, mas muita gente está escondida com rabinho entre as pernas com medo”, disse.
Em entrevista ao ATUAL no dia 26 de maio, Ramos falou que o Amazonas não podia correr o risco de viver mais um momento de instabilidade no caso de um governador eleito ser preso em função da operação Lava-Jato em referência ao então adversário Eduardo Braga (PMDB), que é investigado na operação.
Na entrevista desta quarta-feira, Marcelo evitou neste ponto atacar diretamente o também investigado na Lava-Jato, senador Omar Aziz (PSD). Mas em vários trechos da entrevista, o candidato a vice de Braga deixa escapar declarações que demonstram como os movimentos pré-convenção azedaram a relação entre ele e Omar Aziz.
Embora tenha o apoiado em 2016, desde o anúncio da cassação de José Melo (Pros), Omar atuou para incentivar a candidatura de Amazonino Mendes (PDT) e rejeitar a do candidato do PR. E até agora não apareceu ao lado de Amazonino Mendes em nenhum ato desde a convenção.
Ramos disse que o fato de Braga não ter atuado para inviabilizar o nome dele neste pleito foi levado em consideração ao aceitar ser vice do senador. Dias antes da convenção, segundo informações de bastidores, Marcelo disse a Omar que não aceitava ser vice de ninguém do grupo dele.
Em outro ponto da entrevista, Marcelo relembrou que Omar foi um dos que tentaram deixá-lo sem partido em 2016 e disse que o senador só resolveu apoiá-lo depois que levou um “chute” de Arthur Neto, a quem voltou a se associar nesta eleição.
“E o Omar (Aziz) também. Porque o Omar naquela eleição apoiava o Arthur, ele só veio me apoiar depois que o Artur fez uma aliança com o Braga e chutou ele de lá”, disse.
Eleição para governar
Marcelo Ramos também revela nesta entrevista que entre os acordos desta aliança PR e PMDB está a previsão de que ele não entrou na chapa apenas para “ajudar a vencer a eleição” e sim para governar. Disse que não será um vice de gabinete. O candidato a vice elogiou o governador interino David Almeida (PSD) e afirmou esperar dele uma atuação de forma a evitar o uso da estrutura do Estado em prol de candidaturas.
Ramos afirmou ainda que, se vencer, a prioridade do Governo Braga e Marcelo será a retomada da geração de emprego e renda e que ainda é possível enxugar a máquina sem que para isso hajam novas demissões.
Confira os principais trechos da entrevista:
Valmir Lima: No dia 26 de maio, em entrevista ao ATUAL, o Marcelo esteve aqui e disse que não havia motivo para ser vice nem de Amazonino (Mendes) e nem de (Eduardo) Braga. Fez duras críticas a Eduardo Braga por conta nas citações nas delações da Lava-Jato e surgiu como vice, na chapa do PMDB. O que explica essa mudança de comportamento, Marcelo?
Marcelo Ramos: É verdade. Naquele dia, efetivamente não existia motivo nenhum para que eu aceitasse ser vice nem do Eduardo e nem de candidato nenhum. Por um motivo simples: havia um esforço meu e do meu partido para construir uma coligação que desse viabilidade para uma candidatura. Eu não tenho mais o direito de ter candidatura para marcar posição. Primeiro, pela grandeza do meu partido no cenário político local e nacional. E segundo pela segunda maior crise da história do estado do Amazonas: 22% de desempregados, filas de cirurgias e atendimentos médicos especializados, uma grave crise na segurança pública. Óbvio que nenhum homem responsável pode se dar o direito de colocar o nome para marcar posição e projetar o nome para 2018. Eu entendo e o PR entende que somos instrumentos necessários para a vida das pessoas. A nossa candidatura foi absolutamente inviabilizada pelas forças políticas tradicionais do Estado do Amazonas, que fizeram de tudo para que a gente não tivesse coligação. Ficando o PR só, entre as várias opções, o PR entendeu que a melhor opção era caminhar com senador Eduardo. Para mim, a alternativa de ser vice do senador Eduardo ou de não ser candidato a nada. É óbvio que se eu fosse um político pequeno que pensasse exclusivamente na minha imagem, ia tratar de cuidar da minha imagem e não seria candidato a nada e esperava 2018. Mas eu tenho responsabilidade com este estado e com a minha história e eu prefiro pagar o preço e assumir uma posição que penso ser a melhor para construir um futuro de retomada do progresso. Não retiro nenhum das críticas. Não pensamos igual sobre muitas coisas. Tivemos a grandeza de entender que há algo maior que as nossas diferenças.
“(Braga) nunca tentou inviabilizar nossa candidatura. E isso contou muito também na hora de eu tomar minha decisão”.
Valmir Lima: Entre os políticos que você cita que tentaram de tudo para que você não tivesse candidatura, está também o senador Eduardo?
Marcelo Ramos: Ele sempre se esforçou e fez gestos, que eu tornei público, para a aliança, mas nunca tentou inviabilizar nossa candidatura. E isso contou muito também na hora de eu tomar minha decisão.
Rosiene Carvalho: Em 2016, o senhor deu entrevista ao ATUAL afirmando que ele e o prefeito Arthur Neto faziam um esforço para que o senhor não tivesse partido para se candidatar naquele pleito.
Marcelo Ramos: Em 2016, todos tentaram inviabilizar minha candidatura. E o Omar (Aziz) também. Porque o Omar naquela eleição apoiava o Arthur, ele só veio me apoiar depois que o Artur fez uma aliança com o Braga e chutou ele de lá. E foi o Alfredo que teve um gesto de grandeza comigo me garantindo a legenda do PR.
Valmir Lima: Não é possível ser político sem fazer aliança com essas pessoas?
Marcelo Ramos: É possível. O Hebert Amazonas é político sem fazer aliança com essas pessoas. Todos os outros já fizeram. Se pegar a lista de candidatos não tem nenhum que não tenha feito aliança com essas pessoas. O Hebert nunca fez, é o mais coerente da história política do Amazonas. E não mudou a vida de ninguém. Se você se conformar em passar a vida inteira sem mudar a vida de ninguém…
Rosiene Carvalho: A aliança com o senador Eduardo Braga completa hoje cinco dias. De ontem para hoje, o senhor intensificou entrevista para sites na internet para explicar esse enlace. O senhor não acha que está tendo que explicar muito e não consegue explicar o suficiente. Por quanto tempo ainda será necessário explicar esse novo posicionamento político?
Marcelo Ramos: Na verdade, a gente cumpriu o papel de explicar nos primeiros dias. Sempre paguei preços caros por nunca esconder minha posição sobre nada. Mas eu preciso ser tolerante, entender posições de pessoas que confiavam em mim, justamente por essa linha mais radicalizada, intransigente. Preciso dar explicações. Mas posso dizer, nos últimos dias, que essa fase da explicação está superada. Estou mais preocupado em falar para o Estado do Amazonas de uma aliança que junta e experiência, dedicação ao trabalho e de outro lado a energia e o vigor.
“O ex-governador Amazonino é um senhor de idade que tem uma trajetória política que eu reconheço (…) Desejo sorte e saúde para ele durante toda essa caminhada. E mais efetivamente entendo que ele não representa o que o Amazonas precisa. O Amazonas precisa de vigor, energia e capacidade de andar”
Valmir Lima: Amazonino Mendes disse que o senhor foi apresentado para ser vice dele e ele negou porque o senhor tinha a língua solta. O seu nome foi mesmo apresentado e ele rejeitou?
Marcelo Ramos: O ex-governador Amazonino é um senhor de idade que tem uma trajetória política que, para o bem ou para o mal, eu reconheço. Então, eu prefiro ficar com as palavras dele de elogios entusiasmados a mim, na minha campanha para a prefeitura em 2016. Acho que agora ele está contaminado por essa disputa política e eu não vou me dar aqui o trabalho de relembrá-lo de todo esforço que ele e aliados dele fizeram para que eu estivesse ao lado deles. Isso é página virada, desejo sorte e saúde para ele durante toda essa caminhada. E mais efetivamente entendo que ele não representa o que o Amazonas precisa. O Amazonas precisa de vigor, energia e capacidade de andar o Estado inteiro, pelo Brasil e pelo mundo para atrair investimentos. Ele, com todo respeito, não reúne as condições necessárias.
Valmir Lima: Mas ele rejeitou seu nome mesmo?
Marcelo Ramos: Não vou responder isso. A consciência dele sabe. Isso é menos importante. Fui hoje à colônia Antônio Aleixo e lá ninguém está preocupado com quem se aliançou a quem. Estão preocupadas em quem vai fazer com que o Amazonas volte a ter emprego. Quem vai fazer as delegacias não fecharem mais às 17h. Hoje na cidade de Manaus, existem três delegacias com plantão. Assassinato ou roubo na Colônia Antônio Aleixo depois das 18h, tem que procurar uma delegacia fora, a mais de 5 quilômetros da comunidade. Tem que voltar a funcionar 24 horas.
Rosiene Carvalho: O senhor percebeu na rua a mesma pressão das redes sociais?
Marcelo Ramos: Meu primeiro dia nas ruas mesmo foi hoje. Voltei da Colônia Antônio Aleixo com 100% de gestos de carinho. Estarei todos os dias nas ruas, porque tenho absoluta convicção que fiz a opção que é o melhor para o povo do Amazonas. Alguns dizem que isso vai fazer mal para a minha imagem. Que líder é esse que, num momento de crise, com povo desempregado e sem saúde, com problema nas escolas, está preocupado com a imagem dele? Estou preocupado com o povo do Amazonas. Se o preço disso for a minha imagem, e sei que não será porque o povo começa a entender que este é o caminho de retomada de crescimento para o nosso Estado, eu não tenho problema de pagar esse preço.
Rosiene Carvalho: O senhor, naturalmente, sabe que há perdas políticas à sua imagem desde que o senhor se filiou ao PR, depois quando se aliou ao grupo do Omar Aziz e agora, é um outro momento, em que se alia ao último componente deste grupo que o senhor criticava. O senhor já teve tempo de se avaliar como vai lidar com esta perda? O que foi possível combinar para 2018 tendo em vista esta perda que o senhor certamente sabe que terá?
Marcelo Ramos: Olha lá, eu não sei se terei. Quando eu apoiei o Melo no segundo turno, declararam a minha morte política. Quando me filei ao PR, declararam minha morte política. Quando eu recebi o apoio do grupo do Omar, também declararam minha morte política. De lá para cá, eu saí de vereador com cinco mil votos, deputado 18 mil votos, candidato a governador com 170 mil votos e candidato a prefeito de quase 500 mil votos. Então, qual a medida e o instrumento para dizer que eu perdi?
“Eu queria ser candidato. Eu fiz de tudo para ser candidato. Eu viajei o interior do Estado, conversei partidos e pessoas para construir uma aliança (…) Foi a decisão mais dura da minha vida. Mas hoje tenho absoluta consciência que tomei a melhor decisão para a minha vida e para o futuro do Amazonas”.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que se tornar vice do senador Eduardo Braga no momento em que queria ser governador e aparecia com chance de ganhar dos candidatos, inclusive dele, não representa perda?
Marcelo Ramos: Eu acho que não. Eu queria ser candidato. Eu fiz de tudo para ser candidato. Eu viajei o interior do Estado, conversei partidos e pessoas para construir uma aliança. Só que eu prefiro ser instrumento de transformação na vida das pessoas que ser candidato para marcar posição. O senador Eduardo e a senadora Sandra Braga disseram: nós teremos dois governadores. Tenho plena convicção que vou prestar uma relevante contribuição para o futuro do meu Estado. Esse ambiente político nem sempre consegue expressar o que é o desejo do povo. A decisão foi fácil? Claro, que não. Eu queria ser candidato. Foi a decisão mais dura da minha vida. Mas hoje tenho absoluta consciência que tomei a melhor decisão para a minha vida e para o futuro do Amazonas.
“Com relação aos riscos da candidatura do senador Eduardo, eu tomei cuidado de ouvir e me cercar de informações de pareceres de pessoas, que me deram a tranquilidade de que vamos enfrentar uma campanha com absoluta tranquilidade. Até porque a Lava-jato não atinge só ele. Ele é o que se expôs na Lava-Jato, mas muita gente está escondida com rabinhos entre as pernas com medo”.
Valmir Lima: No dia do registro, você deu uma entrevista ao ATUAL dizendo que este era o caminho de chegar a ser governador. Em que momento você está pensando em ser governador?
Marcelo Ramos: Não tenho como prever o futuro. Obviamente entro numa condição de adquirir a experiência que me cobraram muito na eleição passada. De adquirir a experiência administrativa e me colocar ali na condição de um dia governar o Amazonas, se essa for a vontade de Deus e do eleitor. Tenho muita paciência, já fui mais afobado. Mais importante são contribuições ao Plano de Governo. Cito três fundamentais para o futuro do Amazonas: a primeira é o compromisso de revogar a lei aprovada pela ALEAM no Governo Melo que aumentou em 2% a alíquota de ICMS do diesel e da indústria do concentrado; a segunda é a medida de retomar o incentivo fiscal nos itens da cesta básica e no gás de cozinha. Na época do governador Eduardo era de 1%, o sucessor dele aumentou a alíquota para 17% e o outro aumentou para 18% e depois baixou para 14%. Nosso compromisso, retomar o incentivo fiscal para 1%, garantindo aumento na venda e do alimento na mesa do trabalhador do Amazonas. A outra é a proposta de autonomia da UEA, revogação da lei que autoriza o uso de recursos destinados a UEA em outras área do governo.
Valmir Lima: Ia complementar essa pergunta, ia questionar se o senhor está querendo fazer a trajetória do Melo, por exemplo, que virou vice-governador. Ninguém acreditava que ele fosse se candidatar a governador para a reeleição e acabou se reelegendo. Tem essa possibilidade. Mas tem outra, que foi falada naquela entrevista do dia 26, o senhor dizia que o Eduardo poderia não completar nem este mandato porque poderia ser preso. Poderia ser aí, que Marcelo Ramos viraria governador?
“Seria uma forçação de barra querer comparar minha trajetória com a do Melo (…) Eu tenho a minha trajetória, se eu vou virar governador ou não, isso o tempo dirá, sem pressa, com maturidade, tranquilidade e a mais absoluta prudência”.
Marcelo Ramos: Com todo respeito e carinho que eu tenho por você, seria uma forçação de barra querer comparar minha trajetória com a do Melo. Ele tem o valor dele e foi cassado pela Justiça Eleitoral. Eu tenho a minha trajetória, se eu vou virar governador ou não, isso o tempo dirá, sem pressa, com maturidade, tranquilidade e a mais absoluta prudência. Com relação aos riscos da candidatura do senador Eduardo, eu tomei cuidado de ouvir e me cercar de informações de pareceres de pessoas, que me deram a tranquilidade de que vamos enfrentar uma campanha com absoluta tranquilidade. Até porque a Lava-jato não atinge só ele. Ele é o que se expôs na Lava-Jato, mas muita gente está escondida com rabinhos entre as pernas com medo.
Rosiene Carvalho: Quem, por exemplo?
Marcelo Ramos: Ah, muita gente.
Rosiene Carvalho: O senhor fala que o Amazonas terá dois governadores, mas sabe que para um tempo muito curto. Apenas um ano. Nas gestões passadas, na prática o vice-governador não tem função administrativa. Nesta eleição, o vice sequer tem chance de se tornar governador porque em 2018 haverá outra eleição com possibilidade de reeleição do governador. O que foi acordado para 2018?
Marcelo Ramos: Não sei. Em 2016, foi feito um monte de combinação para 2018 e não valeu nenhuma (risos).
Rosiene Carvalho: Exatamente. O senhor acha que terá chance de sobreviver a essa forma de fazer política em que acordos não são cumpridos, já não sobrevivendo menos de um ano depois?
Marcelo Ramos: Justamente por ser o governo de um ano, mais importante dois governadores com autoridade e representatividade política. Comparem as chapas. Peguem o governador e vice de cada chapa. Quem fizer essa comparação não terá dúvidas em votar no 15.
“Isso nos foi oferecido. Uma aliança não só para vencer a eleição mas para governar”.
Rosiene Carvalho: Para esta aliança, o senhor conseguiu articular para não ser um vice de gabinete?
Marcelo Ramos: Claro. Isso nos foi oferecido. Uma aliança não só para vencer a eleição mas para governar.
Rosiene Carvalho: A propaganda de TV vai se manter com propostas? Em 2016, iniciou desta maneira mas terminou bem pobre.
Marcelo Ramos: Estamos sendo provocados a escolher um adversário e nós temos repetido que o adversário é a grave crise que bate a porta do povo do Amazonas.
Valmir Lima: Mas ela não é candidata.
Marcelo Ramos. Não é, mas é a principal a ser derrotada. Por isso, é mais importante criar as condições para derrotá-la que fazer a eleição uma partida de futebol. Com duas torcidas apaixonadas.
Rosiene Carvalho: Qual a preocupação de candidatos, na sua opinião, com a condução da administração estadual que está sendo dada pelo governador interino David Almeida?
Marcelo Ramos: Todos sabem o carinho, respeito e gratidão que tenho pelo governador David Almeida. Todos sabem que a assunção do David deu outro ritmo ao governo. O que eu espero é que o David entenda o que é governo e o que é campanha. Ele tem todo direito de ter candidato. E o governo, eu tenho certeza, não vai ser instrumentalizado para isso.
Rosiene Carvalho: Na coletiva de anúncio da candidata Rebecca Garcia, havia vários funcionários do primeiro escalão, segundo escalão. Isso não é uma sinalização para o senhor?
Marcelo Ramos: Eu acho que as pessoas por terem um cargo no governo não perdem o direito de escolherem seus candidatos. Tem que ter prudência, não usar obras e a estrutura do governo na promoção de candidaturas. Tomada essa medida, o David e qualquer funcionário do Governo tem todo direito de escolher seus candidato.
Rosiene Carvalho: Na sua opinião, o que será possível fazer nos últimos três meses do ano? Qual a prioridade, caso a sua chapa ganhe?
Marcelo Ramos: A prioridade deve ser relacionada a geração de emprego e renda. O caminho de uma política fiscal mais equilibrada, reduzir ICMS, pegar o que tem de recurso e tocar as obras porque elas geram emprego e renda nos municípios. Chamar setor empresarial, abrir um processo permanente de diálogo com o setor produtivo.
“Com certeza é possível enxugar e dar maior eficiência à máquina pública”
Rosiene Carvalho: A maioria dos governos quando assumem tomam as chamada medidas de austeridade que representam cortes nos gastos da máquina pública. Ainda é possível enxugar mais a máquina pública?
Marcelo Ramos: Com certeza é possível enxugar e dar maior eficiência à máquina pública.
Rosiene Carvalho: O senhor acha necessário avaliar demissões porque, via de regra, essa é uma medida de enxugamento da máquina?
Marcelo Ramos: Não tem o que se falar em demissão. A Polícia Militar, por exemplo, precisa de concurso. Foi mudada a escala. Hoje o policial trabalha 24h e folga 72h sem aumentar o efetivo. Você tem sobrecarga de policiais e falta de efetivo para garantir segurança para a população. Precisa de concurso para a PM.
Rosiene Carvalho: O senhor acha possível falar em concurso neste momento? As contas do Estado permitem? Tem dinheiro?
Marcelo Ramos: Você pode equilibrar sem demitir. O Estado não gasta mal só com o pessoal. Ele gasta mais mal em obras do que em pessoal. Dá para baratear serviço, alocação de veículos, custo de energia, sobrepreço ou descontrole sem necessidade de cortar pessoal. Até porque o governador anterior tomou medidas duras que trouxeram a folha para parâmetros razoáveis.
Rosiene Carvalho: Medidas que o senhor indica como prioridade vão exigir a participação do poder legislativo, que apresentou problemas à administração Melo e se apresenta neste momento, aparentemente, como rebelde a liderança do grupo. O senhor acha possível ampliar a base do Governo para além dos deputados do PR e do PMDB?
Marcelo Ramos: A rebeldia que vejo é com os líderes do partido do atual governador. É um problema do partido deles. Igual casamento, a gente não se mete no do outro…
“O PR está absolutamente unificado”.
Rosiene Carvalho: Vou abrir um parênteses, mas não deixe de responder a pergunta anterior. Isso é um problema do PR também porque os deputados Cabo Maciel e Sabá Reis estão muito próximos e queriam David Almeida como candidato ao Governo.
Marcelo Ramos: Não, não vejo esse problema porque desde o início da minha caminhada sempre contei com o deputado Sabá Reis e Cabo Maciel. Ontem, fizemos uma reunião do PR estavam lá os dois e os quatro vereadores do PR. Então, o PR está absolutamente unificado. Nosso presidente Alfredo Nascimento fez de tudo para que conseguíssemos lançar candidaturas, mas sem aliança, fizemos essa escolha. Voltando a ALEAM, fui deputado e tenho relação com todos que estão lá. Tenho certeza que a grande maioria são pessoas com espírito público e que desejam ver o Amazonas superar esta crise. Sei que de forma nenhuma se prostrariam contra medidas que gerem emprego, melhorias na educação, saúde e segurança. Não é algo que me preocupa porque tenho certeza que prevalecerá o espírito público.
Rosiene Carvalho: Há uma frase bem simbólica do deputado Berlarmino Lins, quando trocou o PMDB pelo Pros. Ele disse que só sabia ser situação.
Valmir Lima: Historicamente, o Governo sempre tem maioria. Mesmo que não saia da eleição com maioria, há uma revoada. E a gente sabe que há interesses nisso.
Marcelo Ramos: Isso não é nem uma tradição da ALEAM, é do parlamento brasileiro. Temos uma república meio desequilibrada. Muita concentração de poderes no Executivo e quando isso desequilibra, você tem um parlamentarismo disfarçado. Como o Brasil vive hoje, em que o presidente é refém do parlamento. Tenho certeza do espírito público dos deputados.
“Quero fazer um apelo ao candidato a vice da Rebecca (deputado Abdala Fraxe) para que ele retire o pedido que o Amazonas tenha eleição indireta.Como ele pode ser candidato a vice e propor uma ação para eleição indireta. Vamos deixar o povo decidir o seu futuro”.
Rosiene Carvalho: Já há uma definição da sua programação para a campanha?
Marcelo Ramos: A ideia é que eu acompanhe o Eduardo nos grandes municípios e que eu continue a minha atuação em Manaus e ele concentre nos municípios menores para que a gente consiga ter duas campanhas. Talvez só a nossa chapa tenha condições de fazer isso. Sei que já estamos caminhando para o fim (da entrevista). Mas quero fazer um apelo ao candidato a vice da Rebecca (deputado Abdala Fraxe) para que ele retire o pedido que o Amazonas tenha eleição indireta. Como ele pode ser candidato a vice e propor uma ação para eleição indireta? Vamos deixar o povo decidir o seu futuro.
“Eu sou o único capaz de enfrentar com igualdade de condições e vencer o outro grupo”