MANAUS – Uma criança de 2 anos e 4 meses está há 8 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Pronto Socorro da Criança da Zona Leste, o Joãozinho, à espera de um exame, que vem sendo adiado pela direção do hospital. Os pais da criança teme que o quadro de saúde dela se agrave e cause sequelas.
No dia 26 de dezembro, a menina caiu do segundo andar da casa onde mora com os pais, o gerente de empresa Alexandre Carvalho, e a dona de casa Daniela Ferreira da Silva, no bairro São Jorge, zona oeste. A queda foi de uma altura de quatro metros. Ela chegou a ter uma parada respiratória e foi reanimada por um enfermeiro e levada para o Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste, no bairro Compensa. Como não havia neurologista no hospital, a criança foi transferida no mesmo dia para o Joãozinho. Para realizar a transferência, os médicos entubaram a menina, que ficou na UTI por 48 horas.
De acordo com o pai, ela não sofreu fraturas. “Como ela caiu de lado, bateu o ombro e a cabeça, causando uma rachadura no crânio, mas a médica que a atendeu disse que não era grave. Ele chegou a identificar um coágulo de sangue, mas disse que já foi desfeito”. No terceiro dia de internação, a médica retirou o tubo e tirou a menina do estado de sedação, mas ela não conseguiu respirar e teve de ser entubada novamente.
De acordo com a mãe Daniela Silva, a médica afirmou que o tubo colocado na criança no primeiro pronto socorro era muito grosso e pode ter causado inflamação na garganta, o que a impedia de respirar. A menina foi medicada e um tubo mais fino foi recolocado. Dois dias depois, em nova tentativa de retirada do tubo, a menina começou a reagir bem, mas voltou a apresentar problemas. Foi então que a médica solicitou o exame de broncoscopia. A menina voltou a ser entubada e até este sábado o exame não havia sido realizado.
“A minha filha está recuperada da queda, mas ficou doente da gargante e não consegue respirar. E o que a gente questiona é por que demoram tanto para fazer um exame. Desde o dia 30 que prometem e a minha filha continua sedada e entubada na UTI do hospital”, disse Daniela.
Enrolação geral
Alexandre Carvalho contou à reportagem que no hospital foi dito que apenas uma empresa de um homem chamado Fabiliano realizava o exame, mas ele se recusou a fazê-lo porque diz que o governo tem pendências com a empresa dele. “Se tem pendência, como é que ele continua fazendo o mesmo exame em outras unidades de saúde?”, questiona. Segundo Carvalho, no PSC da Zona Sul o exame é realizado, mas o homem se recusa a fazê-lo na UTI do Joãozinho.
Diante da recusa, o pai da menina sugeriu que ela fosse transferida para o PSC da Zona Sul, mas direção do Joãozinho informou que a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) não autorizou. A informação, segundo Carvalho, foi passada pela assistência social do hospital.
“Como eles não autorizaram a transferência, arrumaram um médico, chamado Marco Aurélio, que ficou de vir ao hospital fazer o exame. Estava marcado para esta sexta-feira, mas próximo de meio dia nos informaram que o equipamento era novo e precisa ser esterilizado. No fim da tarde, o médico de plantão disse que não seria mais realizado o exame na sexta. Transferiram para este sábado”, relatou o pai.
Neste sábado, o casal chegou ao Joãozinho por volta de 8h40. A mãe entrou no hospital para buscar informação enquanto o pai contava a história à reportagem do AMAZONAS ATUAL. Daniela saiu com uma má notícia. “Disseram que só segunda-feira vão realizar o exame”, disse. Segundo ela, a assistente social chegou a dizer que o estado de saúde da criança é estável e ela pode esperar até segunda-feira.
“Nos vamos sair daqui e procurar o Ministério Público. Não dá mais para esperar. A minha filha está sedada há oito dias por causa de um tubo que foi colocado de forma errada. Ela pode ter uma complicação, e a gente quer evitar”, disse Alexandre Carvalho.
Sem resposta
A reportagem procurou a direção do Joãozinho, mas foi informada de que só a assessoria de comunicação poderia falar sobre o assunto. A assessoria fica no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, mas neste sábado não havia expediente, de acordo com o pessoal que faz a segurança da unidade.