Por Cinthia Guimarães, especial para o AMAZONAS ATUAL
Os consumidores do Amazonas foram surpreendidos no mês de agosto com um aumento de até 100% nas contas de energia elétrica, depois que entrou em vigor o sistema de bandeira tarifária no Estado. A surpresa nas contas veio em razão do aumento do consumo por causa do calor e da cobrança da bandeira vermelha retroativa ao mês de maio, quando o sistema deveria ter sido implantado, além da cobrança majorada do mês de agosto.
Os valores são cobrados pela Eletrobrás Amazonas Distribuidora e repassados para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A estudante de enfermagem Alice Serique pagava de R$ 120 a R$ 160 de conta de energia em sua antiga residência e, após se mudar pra uma nova casa, no bairro São Jorge, zona Oeste de Manaus, foi surpreendida com uma conta de R$ 340, sendo R$ 35 referentes à instalação do contador. O problema é que a Eletrobrás cobrou dela o reajuste da bandeira tarifária vermelha retroativo a maio, período em que sequer tinha contador ou morador na residência recém-entregue.
“O meu consumo continua mesmo. Saio de manhã cedo e apenas volto à noite. Vi na minha conta que tinha sido um aumento de vinte e poucos reais referentes ao período anterior, sendo que não tinha contador e essa casa, até então não existia”, se queixou ela que está analisando que medida deve tomar contra a concessionária de energia.
A jornalista Acyane do Valle ficou surpresa com sua conta referente ao mês de agosto. Ela que costuma pagar na faixa de R$ 380 por mês viu sua conta ultrapassar R$ 500.
“O pior é que se a gente não paga fica sem luz. E como faz nesse calor? Não dá nem pra pensar em não pagar”, comentou.
A cobrança retroativa a maio foi R$ 30,55 e o aumento de agosto foi R$ 48,05. “Além do consumo e da taxa de iluminação pública que vêm na conta, ainda vieram os adicionais das bandeiras”.
O aumento pesa ainda mais com o período do verão amazônico, quando as temperaturas do termômetro sobem e o consumo de energia cresce até 30% em todas as classes, devido ao uso de aparelhos eletrônicos e aumento na produção industrial.
Acostumada a consumir uma média de R$ 170 de energia por mês, a funcionária pública Maria do Socorro Aguiar, 57 anos, recebeu em agosto uma fatura de R$ 251,19 em agosto, sendo R$ 21,59 da bandeira tarifária do mês e R$ 12,55 do adicional de maio. A conta de julho deu R$ 175,81. “Achei estranho isso porque o meu consumo é praticamente regrado. Tudo bem que mês de agosto foi muito quente. Mas aumentou 100 kilowatts”, contou.
Descontente com o aumento da conta e a redução no orçamento mensal, Socorro disse que acha injusto pagar por um prejuízo imposto pelo governo. “Nossa força política não é boa. O ministro que representa o Norte (Eduardo Braga) disse que ia melhorar e a coisa piorou. Pior que ainda vamos ter um aumento consecutivo (em novembro). Sinceramente nem tem o que fazer, a não ser que a gente deixe de ver TV, tirar o ar-condicionado e não ligar a geladeira”.
Redução
A Eletrobrás Amazonas Distribuidora informou por meio de sua assessoria que, partir deste mês, foi aprovada a redução de R$ 5,50 para R$ 4,50 o valor de cada 100 killowatt-hora (KWh) consumidos pelo sistema bandeira tarifária vermelha, em função do desligamento de algumas usinas térmicas que produzem energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). O desconto para todas as unidades consumidoras brasileiras (exceto Roraima e Acre) vale até dezembro.
Já o parcelamento do retroativo à bandeira tarifária vermelha, que deveria estar sendo cobrada desde maio aos consumidores do Amazonas, só termina em janeiro de 2016.
Reajuste em novembro
A conta deve ficar mais salgada ainda. O reajuste contratual da distribuidora de energia do Amazonas virá no mês de novembro. Por enquanto, não foi divulgado o porcentual que a Eletrobrás vai submeter à aprovação da Aneel. A agência é quem bate o martelo sobre o reajuste das concessionárias de energia de todo o país.
As bandeiras verde, amarela e vermelha indicam se a energia custa mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade. A faixa “vermelha” é acionada quando as condições de geração estão desfavoráveis por conta da estiagem e do uso intensivo de usinas termoelétricas. Dessa forma, a Aneel repassa esse custo adicional aos consumidores.
Com a bandeira tarifária vermelha, a distribuidora de energia passa a cobrar R$ 5 a mais a cada 100 quilowatts/ hora (kWh) de consumo aos clientes das classes residenciais, industriais, comerciais, rurais e setor público.