Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Lançado na manhã desta sexta-feira, 1º, pela SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas), o aplicativo Balada Legal, para monitorar o acesso de policiais armados em casas de shows de Manaus, foi rejeitado pelos proprietários de estabelecimentos. Os empresários alegam que o sistema não é suficiente e defendem a proibição de usos de armas por policiais dentro das casas de shows. O aplicativo não impede o acesso do policial armado às dependências dos estabelecimentos, apenas permite à Corregedoria da SSP e da Polícia Militar saber quem está armado e se a serviço ou em lazer.
O aplicativo foi lançado uma semana depois que o delegado de Polícia Civil Gustavo Sotero atirou dentro do Porão do Alemão, popular casa noturna de Manaus. Atingido com quatro tiros, o advogado Wilson Justo morreu. O crime foi na madrugada de sábado, 25. A tecnologia estará disponível a partir da próxima semana na Play Store.
Para o empresário Jersey Santos, o aplicativo não vai resolver o problema. Segundo ele, existe uma boa vontade por parte da Secretaria de Segurança, mas o controle da entrada das armas nas casa de shows já existe. Os empresários do setor querem uma portaria interna que proíba o porte de armas dentro das casa noturnas.
“Nós já temos o controle das armas que entram nas casas noturnas. O problema é que nem o nosso controle, nem o aplicativo vão impedir um tiro disparado. O que nós queremos é que haja, assim como já existe em outros Estados, a proibição de entrada dos argentes públicos armados, uma vez que eles vão para se divertir, consumir bebida alcoólica. Partindo desse princípio, ele perde o direito de estar com uma arma num ambiente público”, disse o empresário.
A corregedora-geral do Sistema de Segurança Pública do Amazonas, Iris Trevisam, disse que será agendada uma reunião com o secretário de Segurança, Bosco Saraiva (PSDB), e com o comando da PM (Polícia Militar), para debater a reivindicação. “O comando da PM já proíbe a entrada de agentes públicos com armas da instituição, mas não proíbe com armas particulares. A Polícia Civil não proíbe, até pelo fato de o policial estar efetuando alguma investigação. Mas com o aplicativo poderemos saber se ele vai estar em uma investigação ou não”, disse.
Iris Trevisam disse que o aplicativo permitirá saber quem é o policial que está no estabelecimento, se está a serviço ou em lazer e se a arma que tem é legal. Caso seja identificada alguma irregularidade, os órgãos de segurança pública acionam as patrulhas policiais para deter o policial. “Temos certeza de que esse controle vai gerar uma inibição do próprio servidor com relação tanto ao consumo descontrolado da bebida, como o fato de estar portando arma”, disse.
Cofre
Sobre a possibilidade de guardar as armas em cofres dentro das boates, a corregedora explicou que há possiblidade, desde que seja em cofres individuais. “O policial poderá deixar seu armamento em cofre com chave privada. Vamos entrar em conversa com o secretário (Bosco Saraiva) que já havia cogitado a possiblidade de adotar essa providência”, disse.
O funcionamento do aplicativo é simples e serve apenas para cadastrar os dados do policial e das armas. Os proprietários de casas noturnas terão que fazer um cadastro na Secretaria de Segurança, onde receberão uma senha. Aí é só baixar o aplicativo no smartphone. Com os dados, que incluem o registro do policial, o número da arma e o documento de porte, as corregedorias das polícias Militar, Civil e Federal saberão sobre as condições do agente público.
Hoje, as polícias não têm esse controle.