Por Cleber Oliveira, da Redação
MANAUS – A redução de 25% sobre a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os demais estados vai destruir a indústria no Amazonas, afirmou Ciro Gomes (PDT-CE), pré-candidato à Presidência da República. “Essa pancada que vocês levaram, acho que vocês não acordaram para o tamanho do crime”, disse.
“O [Jair, presidente] Bolsonaro, em um momento de grave crise fiscal do país, faz um abatimento sem qualquer estudo no IPI, e a diferença do IPI que a Zona Franca de Manaus permite é que faz a possibilidade de existir uma indústria aqui. Se você equaliza o IPI e tende a zero nos outros lugares do Brasil, vocês vão destruir a indústria de vocês. E o Brasil não suporta mais isso”, afirmou Ciro Gomes em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (17) em Manaus.
Ciro Gomes esteve na capital para participar de homenagem ao ex-senador Jefferson Peres, que completaria 90 anos, receber o título de Cidadão do Amazonas e lançar pré-candidaturas ao governo do estado e ao Senado.
Segundo Ciro, a redução da alíquota do IPI é uma medida do modelo econômico de manipulação. “O que é isso? É a manipulação da taxa de câmbio e explosão da taxa de juros. Com esses dois pesos centrais da economia sendo de novo manipulados hostilmente, principalmente a produção industrial, nós vamos continuar destruindo indústrias”, afirmou.
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“Manaus, e o Amazonas, não é sede da matéria prima. Também não é sede do mercado. O que vem fazer uma indústria aqui se a gente não conseguir, via política econômica, arbitrar as desigualdades competitivas que fazem vocês e o Nordeste brasileiro sofrerem tanto mais gravemente do que aqueles quatro estados que concentram 80% da produção industrial: São Paulo, Rio, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul?”, questionou.
Ele lembra que de Manaus saem 8% da produção industrial brasileira. “Já podia ser muito mais se não fosse a manipulação trágica, de todos os governantes brasileiros. Porque o modelo econômico que está destruindo indústria é o mesmo modelo econômico do Lula, do Fernando Henrique, da Dilma, embora as pessoas sejam diferentes o modelo econômico é rigorosamente o mesmo”.
Conforme o pré-candidato, não existe êxito civilizatório, não tem progresso humano sem a evolução da economia primária para a sofisticação industrial. “Agora o desafio é a economia do conhecimento, a economia digital”, disse.
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“No Brasil, até 1980, um terço da nossa economia era industrial. Hoje, essa economia industrial está reduzida a 9% do PIB. É a maior destruição de indústrias da história do capitalismo mundial”, afirmou.
(Colaboraram Kamila Amoedo e Murilo Rodrigues)