Ao longo dos últimos anos, a Democracia brasileira tem sofrido ataques de diferentes intensidades. Ataques provenientes de grupos com tendências conservadoras e autoritárias. Não é a primeira vez que tais grupos atuam contra a democracia brasileira. A Ditadura Militar (1964 – 1985), e todas as suas perversas consequências, foram resultados das articulações desses coletivos autoritários que contaram com o apoio das forças armadas e elites econômicas da época.
Com a redemocratização e a vitória da Democracia sobre o obscurantismo e sobre a crueldade do regime militar, iniciamos a luta pela promulgação e efetivação da Constituição Cidadã. Reconquistando o direito ao voto secreto, buscamos eleger representantes políticos com a missão de conduzir a nossa sociedade à superação de mazelas históricas, como a pobreza, a devastação ambiental, o racismo e a chacina de povos e populações tradicionais.
Com muito esforço, buscamos também consolidar o direito à diferença e lutar pela implantação de direitos básicos, como a educação e a saúde públicas, o desenvolvimento sustentável e a paz.
No entanto, os antigos grupos autoritários não suportam os pequenos progressos conquistados a duras penas e às custas de muitas vidas. Há alguns anos eles têm gradualmente exposto as suas garras, procurando criar o caos político e social através de diversas estratégias: golpes políticos, fake news, corrupção, devastação ambiental, desmobilização social, intimidação política, perseguição aos adversários, ataques às instituições democráticas, militarização das eleições, cooptação econômica e financeira.
Atualmente, tais grupos se deparam com um cenário favorável a sua atuação, sendo representados por políticos de primeira grandeza. Sentem-se respaldados por atitudes e discursos presidenciais resgatados do mundo das trevas. Identificando-se com ideologias nazistas e fascistas, tais segmentos sociais querem impor o seu domínio sobre a sociedade, eliminando qualquer chance de serem novamente vencidos pelas forças democráticas.
Manifestações democráticas ganham força em todo o país, rejeitando o discurso golpista do presidente brasileiro e defendendo a realização de eleições limpas e o respeito aos resultados das urnas eletrônicas. Manifestos e campanhas pró-democracia recebem apoio da sociedade civil e setores comprometidos com o Estado de Direito: Carta aos brasileiros e brasileiras. Em defesa da democracia e da justiça, Carta dos empresários, Declaração pan-amazônica de Belém, Caderno Encantar a Política, dentre outras manifestações.
A onda democrática pouco a pouco ganha simpatia e adesão em todo o território nacional, assustando os setores autoritários e conservadores, que respondem com aquilo que mais sabem fazer: violências, ameaças e manipulação. A crise política, social e ambiental implantada pelo atual governo federal e pelos seus apoiadores gera o consenso de que é preciso uma mudança radical na política e na sociedade brasileiras.
Mas há também a compreensão de que além da derrota bolsonarista, é imprescindível que a democracia evolua para um patamar mais elevado. É preciso defender a vida humana e não humana e promover as condições necessárias para o seu desenvolvimento integral, sobretudo onde ela se encontra mais ameaçada.
Importa respeitar a voz e a vez daqueles que sempre foram invisibilizados e lançados nos porões da humanidade. A democracia novamente vencerá o autoritarismo e nós passaremos mais essa página sombria da nossa história.
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