EDITORIAL
MANAUS – À medida que se aproxima o dia do primeiro turno das eleições gerais no Brasil, aumentam os relatos de casos de violência política. Em Manaus, na noite do dia 27 (terça-feira da semana da eleição), um homem agrediu com uma barra de ferro um militante do PT que participava de um comício do deputado federal José Ricardo (PT), que tenta a reeleição.
A história é muito parecida com outros casos relatados Brasil afora: uma pessoa que defende um dos candidatos que estão à frente das pesquisas de intenção de voto trocam ofensas e em seguida partem para a agressão física.
O caso mais emblemático foi o do guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda, militante do PT assassinado durante a festa de aniversário de 50 anos por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, o autor dos disparos que mataram Arruda foi ao local tomar satisfação porque a festa era decorada com fotos de Lula e as cores do PT.
Em Manaus, há relatos de pessoas ligadas aos partidos de esquerda de carros com os vidros quebrados ou a pintura arranhada pelo simples fato de exibirem adesivos do candidato do PT a presidente da República ou de candidatos a outros cargos pelo partido.
No episódio da barra de ferro, houve xingamentos de apoiadores do atual presidente a apoiadores de Lula durante um evento previamente agendado. O militante agredido respondeu aos xingamentos, o que gerou tumulto. Foi nesse momento que o agressor entrou em ação e desferiu dois golpes na cabeça de Jadir Augusto de Souza.
Se nada for feito, a violência tende a se agravar até o dia da votação, no próximo domingo, 2 de outubro. As forças de segurança podem aumentar o efetivo nas ruas, nas proximidades dos locais de votação, onde há maior aglomeração de pessoas, mas não poderão estar em todos os cantos onde a violência poderá eclodir.
Por isso, a melhor forma de prevenção é a cautela do eleitorado. Nesse clima de polarização entre PT de Lula e PL de Bolsonaro, uma discussão política entre as duas militâncias é inútil, com risco de descambar para a violência.
Como nenhum dos lados está disposto a mudar de opinião, o melhor é evitar discussão. As tentativas de convencimento devem ser direcionadas àqueles eleitores que não escolheram candidato ou que não têm convicção do voto.
Discutir quem é melhor, quem fez o que no passado, não contribui para o processo eleitoral democrático de escolha dos governantes e representantes nos parlamentos.
A melhor estratégia contra a violência política é o silêncio. Depositar o voto na urna é que vai fazer a diferença. Uma eleição não se ganha no grito.
No caminho de casa à urna e no retorno, assim como na fila de votação, a prudência pede que se evitem as manifestações políticas para garantir a paz nas eleições.
Fazendo isso, o eleitor poderá comemorar no início da noite, se os seus candidatos forem eleitos; ou dormir sossegados em caso de derrota.