Policiais em greve tomam o carro do Ronda no Bairro depois de causarem um acidente com a viatura; a ação é considerada crime militar
MANAUS – Um vídeo com áudio feito pela câmera de uma viatura do Programa Ronda no Bairro, na madrugada dia 28 de abril, mostra o momento em que os policiais em greve naquele dia tomam o carro de uma equipe que trabalhava no plantão. As imagens, ao contrário das que o ATUAL publicou ontem, são da parte interna da viatura e mostram o momento em que o carro é abordado. Um veículo passa ao lado esquerdo da viatura e a tranca, causando danos ao carro da polícia. O choque assusta os policiais que estavam em serviço.
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Veja o vídeo
Pela narrativa, os policiais estavam na Avenida Constantino Nery, nas proximidades da Arena Amadeu Teixeira, onde os praças em greve se reuniram e passaram a madrugada do dia 28. A greve começou à meia noite do dia 27 e só foi encerrada na tarde do dia 28, depois que o comando do movimento negociou com o governador José Melo (Pros).
O vídeo mostra que depois de bater no carro, os policiais que estavam no movimento grevista mandam os colegas que estavam na viatura descer. Um homem entra no carro e o conduz para um local, possivelmente próximo da concentração dos grevistas. Ele pergunta: “Para aonde, para aonde?”. Outro homem responde: “Fecha logo aqui”. E o condutor diz: “Fecha a rua?”. “É, fecha a rua logo, aqui”, responde o outro.
Depois que o condutor para e deixa o veículo, a câmera continua ligada e capta o som da central do Ronda no Bairro. Uma voz de mulher passa a seguinte informação: “…Samir informando que pegaram a viatura dele. Ali no posto Shell [na Avenida Constantino Nery]”.
Pelo rádio, um policial informa a central sobre a ação dos manifestantes: “Os policiais aqui da manifestação estão danificando a viatura estão tomando aqui da guarnição que estão de serviço (sic)”. O interlocutor responde que a informação será repassada aos superiores. “A viatura 6170 foi tomada aqui da guarnição e eu estou verificando aqui outra situação”, volta a dizer o policial da rua, que continua. “Tentaram levar outra viatura, só que a guarnição conseguir empreender fuga”.
Nesta sexta-feira, o corregedor da Polícia Militar, coronel Euler Cordeiro, disse à reportagem o ATUAL que a ação dos grevistas está sendo tratada como crime militar e que a Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública abriu inquérito policial militar para apurar a responsabilidade dos envolvidos.
Euler Cordeiro disse, ainda, que a determinação do governador para que os participantes da greve sejam isentados de punição não vale para o que for comprovado como crime militar. Os responsáveis poderão ser punidos, inclusive com a expulsão da Polícia Militar.
A conclusão do inquérito deve sair nos próximos dias.