Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A CMM (Câmara Municipal de Manaus) terá apenas quatro vereadoras na nova legislatura, a partir de janeiro de 2021, entre as 41 cadeiras do Legislativo, o equivalente a 9,7%. As vereadoras Glória Carrate (PL) e Professora Jacqueline (Podemos) foram reeleitas. Yomara Lins (PRTB) e Thaysa Lippy (PP) se elegeram para o primeiro mandato.
Na atual legislatura são somente três mulheres. Além das duas parlamentares reeleitas, ocupava um lugar na Câmara a vereadora Mirtes Salles (Republicanos). Salles ficou como suplente com 1.116 votos, segundo consta no Resultados.tse.
Glória Carrate é a parlamentar com mais tempo na CMM entre as quatro. Foi eleita p[ela primeira vez em 2001 e agora vai para o sexto ano na Casa. Foi reeleita com 4.299 votos.
Segundo Carrate, permanecer na Câmara sendo mulher é mais difícil que ganhar o pleito. “Eu falo: não é ganhar a eleição, é você sobreviver. É um mundo bem competitivo, principalmente com os homens. Eles não poupam as mulheres, vão para cima, derrubam”, diz.
Carrate afirma que este ano teve dificuldades para conseguir um partido para disputar as eleições. “O presidente do Patriota (Felipe Souza) pediu para eu me retirar, que eu não poderia ficar lá porque ele já tem muita dificuldade em colocar vereadores novatos com uma mulher já de mandato. Então, a gente iria atrapalhar muito os planos políticos do partido”, afirma.
Na visão de quem já está na Câmara, Carrate afirma que as mulheres têm conquistado espaço, mas não com apoio dos homens. “A mulher está tendo conquista por ela ter se desempenhado muito, por ela estar preparada e por ela ir mesmo para a luta. Não por alguém facilitar alguma coisa como eles falam que facilitam. Isso não existe”, diz.
Felipe Souza apoiou a filha, Thaysa Lippy, eleita pelo PP com 6.736 votos e ficou em sétimo lugar. Thaysa é a mais nova entre as quatro vereadoras, com 28 anos. Na página de Lippy, há um vídeo de Souza pedindo voto para a filha. “Ela é advogada, cristã, empresária, uma ótima filha, uma ótima irmã, uma menina dedicada”, diz. “Irá lutar pelos interesses da população e também pelos direitos das mulheres”, completa.
O ATUAL entrou com contato com a vereadora perguntando se como filha do deputado isso a ajudou a conseguir mais destaque, mas até a publicação desta matéria não houve resposta.
À juventude de Lippy se junta a veterana Professora Jacqueline, que se reelegeu para o terceiro mandato com 9.208 votos. Ela relata o mesmo problema que Carrate teve com o partido. “No meu primeiro mandato fui expulsa do partido exatamente por isso. Já no segundo, foi uma questão do partido não ter conseguido atingir a cláusula de barreira. Na janela partidária (prazo para trocar de partido sem perder o mandato), candidatos de outros partidos não me quiseram pela minha expressão de votos e também por insegurança no enfrentamento de mais um mandato”, diz.
Jacqueline afirma que um dos fatores para a baixa representatividade feminina na Câmara Municipal é a desigualdade entre homens e mulheres nos próprios partidos. “Os partidos não dão as mesmas condições de competição para mulheres, muitas vezes agem só como complementação de cota e as mulheres servem só de degrau para eleger outros homens”, afirma.
Ao contrário das vereadoras que se reelegeram, Yomara Lins (PRTB), eleita com 4.278 votos, afirma que não teve problemas para se candidatar. “Eu encontrei muitas portas abertas, muitas pessoas querendo renovação por mulheres. Eu encontrei um caminho muito aberto nesse sentido. Não encontrei rejeição, ao contrário, até homens dispostos a votar nas mulheres”, diz.
A vereadora eleita é pastora, advogada é irmã da ex-presidente do TCE (Tribunal de Contas do Amazonas) Yara Lins. Também é sobrinha do deputado estadual Belarmino Lins (PP) e tia do deputado estadual Fausto Jr (PRTB).
A vereadora eleita afirma que o fato de ser uma pastora não irá influenciar em seus trabalhos por todas as mulheres, independente das convicções políticas e religiosas. “Agora eu não defendo só as cristãs, eu defendo as mulheres em geral. Agora é a vereadora, então a vereadora defende a comunidade independente de religião”, afirma.