Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O vereador Raiff Matos (DC), da frente parlamentar cristã da CMM (Câmara Municipal de Manaus), usou as redes sociais, nesta quinta-feira (28), para alertar que a animação ‘Um Conto Sombrio dos Grimm’, disponível na Netflix com classificação indicativa para 10 anos, é “impróprio para crianças”, pois, segundo ele, mostra canibalismo e feitiçaria.
“Apesar da classificação de 10 anos, o desenho expõe um enredo que envolve decapitação de crianças pelos próprios pais, depois usam um cordão de ouro produzido pelo diabo para costurar os pescoços e trazê-los de volta à vida, canibalismo (mãe comendo o filho), ida ao inferno, feitiçaria e violência”, escreveu o parlamentar, na página dele no Facebook.
A animação é baseada na série de livros best-sellers de Adam Gidwitz. Em seu blog, a Netflix descreve o desenho da seguinte forma: “Enquanto João e Maria deixam sua própria história e se aventuram por outros contos de fadas clássicos de Grimm, narradores inesperados nos guiam em seus encontros com bruxas, feiticeiros, dragões e até o próprio diabo”.
De acordo com o Ministério da Justiça, no Brasil, os serviços de streaming são responsáveis por determinar a classificação indicativa das obras audiovisuais que disponibilizam para os seus assinantes. Com isso, a Netflix, por exemplo, não é obrigada abrir processo de autoclassificação no governo federal, como as TVs abertas devem fazer.
A Portaria nº 1.189, de 3 de agosto de 2018, que regulamenta o processo de classificação indicativa no Brasil, prevê que “as obras audiovisuais veiculadas pelo serviço por acesso condicionado e vídeo por demanda estão dispensadas da inscrição de processo de autoclassificação no Departamento de Promoção de Políticas de Justiça”.
A mesma portaria prevê que “mediante denúncia fundamentada ou monitoramento, será instaurado processo administrativo, podendo, o Departamento de Promoção de Políticas de Justiça reclassificar de ofício a obra audiovisual autoclassificada”. No caso de ‘Um Conto Sombrio dos Grimm’, a pasta informa que recebeu uma denúncia e está analisando o caso.
A Netflix afirma que “define as classificações etárias de acordo com a frequência e o impacto do conteúdo adulto em um título, como a quantidade e a duração de cenas de violência, sexo, linguagem imprópria, nudez ou consumo de drogas”. Conforme a empresa, “as classificações de séries refletem o nível de maturidade geral da série inteira”.
Ainda de acordo com a empresa, os assinantes do serviço podem definir a classificação etária de um perfil acessando, no painel de configurações, o módulo “perfil e controle dos pais”, onde poderão escolher um perfil e selecionar restrições de visualização”. Segundo a Netflix, também é possível bloquear séries e filmes específicos em cada perfil.
Questionado pela reportagem se havia assistido à série, Raiff afirmou que viu trechos que foram suficientes para ele formar opinião. “Não assisti completo. Vi trechos que foram suficientes para o meu posicionamento contrário a essa produção, principalmente por ser direcionada para crianças, com indicação para 10 anos”, disse o vereador.
Raiff também afirmou que recebeu da direção de uma escola de Manaus um alerta aos pais para não deixarem os filhos assistirem à série “sob o riso de prejuízos emocionais às crianças”. “Muitos conteúdos que aparecem atualmente como para crianças, na categoria infantil, acabam incentivando o suicídio, bullying, sexo precoce e automutilação”, disse.
Veja a publicação do vereador:
Existe coisa mais imprópria para criança do que o Bolsonaro?
E as pessoas (principalmente neopentecostais) levam esse boca Suja para dentro de suas casas. (Metaforicamente)
A própria Netflix passou a informação de que os pais tem total controle do que querem ou não que seus filhos assistam.
Se ele acha ruim, só bloquear, assim como os demais pais que falaram sobre o assunto. Resolvido o problema!
Além da Netflix explicar que os responsáveis têm autonomia no sistema “perfil e controle dos pais”, coisa que o sujeito em vereança certamente não procurou saber, nem se deu ao trabalho de assistir a animação por completo para formar um ponto de vista concreto. Assistir trechos e formar uma “opiniao”, é a mesma coisa que ler o prefácio de um livro e supor que não tem relevância, ou não presta.
É visível que esse sujeito em vereança tá mais preocupado com o que a Netflix veicula do que com as milhões de crianças e adultos em situação de miséria e fome nesse país, especialmente em Manaus.