Da Redação
MANAUS – Venezuelanos que moram no abrigo que foi alvo da Operação Extraneus, deflagrada pela SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas) na manhã desta quinta-feira, 17, afirmaram que a arma apreendida pela Polícia Civil é um brinquedo de criança. A SSP-AM não divulgou imagens do material apreendido no abrigo que fica localizado na Alameda Cosme Ferreira, bairro Coroado, zona leste de Manaus.
“Todos nos conhecemos aqui, os que moram aqui. (A arma apreendida pela polícia) é dos meninos, é de criança. Eu imagino que você viu que levaram a pistola de brinquedo. Falaram que era de um menino meio pilantra porque o brasileiro só tem essa imagem de que a gente é pilantra, que rouba, mas aqui tem caras profissionais com diploma”, afirmou Humberto Rafael. Outros venezuelanos entrevistados pela reportagem do ATUAL concordaram com a afirmação dele.
Na manhã desta quinta-feira, o secretário de Estado de Segurança Pública (SSP-AM), Louismar Bonates, afirmou que a operação foi preventiva e baseada em denúncias registradas no 11° DIP (Distrito Integrado de Polícia), no bairro Coroado, sobre tráfico de drogas, abuso contra funcionários públicos e brigas no abrigo. Bonates também disse que a ‘Extraneus’ resultou na apreensão da arma falsa que, segundo ele, “era usada por um dos venezuelanos”.
A subgerente da Seas (Secretaria de Estado de Assistência Social), Darcy Amorim, disse que os mandados de busca e apreensão foram solicitados há três meses, quando o local era gerenciado pela Semasc (Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania). “Isso (operação) aconteceu agora, mas o pedido foi feito pelo delegado há três ou quatro meses atrás. Eu estou aqui há dois meses e a gente não fez nenhum pedido”, afirmou.
Ainda de acordo com Amorim, a operação policial teve a participação das Seas (Secretaria de Estado de Assistência Social) e Sejusc (Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do Detran-AM (Departamento Estadual de Trânsito). “Foi bem tranquilo, apesar de ter muito policial”, disse a subgerente.
Três mulheres entrevistadas pela equipe de reportagem do ATUAL afirmaram que a abordagem feita pelos policiais na Operação Extraneus foi “tranquila” e que não houve constrangimentos. “Eles chegaram de madrugada, de manhã cedo, e nos entrevistaram. Disseram ‘com licença’ e ‘bom dia’ e pediram documentos. Estavam procurando se havia algo, mas, graças a Deus, não encontraram nada. Tudo foi com muito respeito. (…) Não houve agressão”, afirmou Ângela Abarullo.
Abarullo também disse que as denúncias de tráfico de drogas no abrigo não correspondem com a realidade do local. “Eu não vejo nada mal por aqui, nada disso. Eu até fiquei surpresa. Eu disse: o aconteceu? Todo mundo ficou assustado. Não sei o motivo das denúncias. Eu nem sabia que havia essa denúncias”, afirmou a venezuelana.