Da Redação
MANAUS – A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), em entrevista nesta terça-feira, 18, ao ATUAL, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a procurou, antes das convenções para a eleição suplementar no Amazonas e propôs que ela fosse candidata a governadora com o apoio do PT. Ela disse que rejeitou o convite.
Eu conversei com o presidente Lula, que num primeiro momento, pessoalmente, me procurou para eu ser a candidata. O PT mesmo disse que toparia apoiar minha candidatura. Eu disse: olha gente, uma eleição no Estado do Amazonas não é uma coisa simples, e essa é uma eleição pequena. Então, a gente tem que ampliar mesmo, porque o nosso objetivo é voltar ao poder”, disse, ao justificar a aliança com o senador Eduardo Braga (PMDB), candidato ao governo do Amazonas (trecho aos 50 minutos).
Vanessa explicou que em 2016, o PCdoB decidiu apoiar a candidatura do PT e lançar um candidato a vice na chapa porque não havia alternativa para apoiar outros candidatos. Todos os outros tinham um histórico incompatível com as teses defendidas pelo partido comunista ou eram adversários políticos históricos.
Frases de Vanessa na entrevista:
Sobre o apoio a Eduardo Braga
“Eu não andaria no interior do Estado fazendo campanha e muito menos subiria em qualquer carro de som com alguém, candidato a governo do Estado do Amazonas que vivesse votado contra os trabalhadores. Mas de jeito nenhum. Isso seria impossível”
Sobre a ocupação da Mesa do Senado na votação da reforma trabalhista
“Quando o presidente Eunício Oliveira chegou, a gente entendeu por bem não sair, buscando uma negociação. Mas desde já, dissemos: presidente, tudo bem, a gente deixa o senhor dirigir, mas queremos aprovar pelo menos uma emenda, que é a emenda que proíbe o trabalho em locais insalubres por mulheres gestantes e lactantes. Uma única emenda que nós mulheres queríamos. Ele disse que não podia negociar porque era presidente. (…) Foi designado o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que disse concordar com a emenda, mas não poderia negociar, porque os líderes não estavam aceitando. Aí, nós resistimos. Se eles quiserem fazer a sessão, que arranquem a gente daqui”.
Sobre o “golpe” que tirou Dilma do poder
“Eu acho que se alguém tinha dúvida, hoje ninguém mais tem dúvida de que aquilo foi um golpe. Nossos colegas, tanto deputados quanto senadores, não há um que tenha aprovado o impeachment com a convicção de que a presidenta tenha cometido crime, e por razão de ela ter cometido crime, estavam votando a favor do impeachment, não. Eles votaram a favor do impeachment, depois pelo afastamento definitivo dela porque entenderam que ela não só perdeu a capacidade de governar, porque perdeu a maior parte da base de apoio no Congresso, porque eles mesmo tiraram, e porque o programa que ela acenava para tirar o Brasil da crise não era um programa que interessava a eles”
Sobre a citação do nome dela e o inquérito na Lava Jato
“Se houve essa reunião (com o delator, que disse que Vanessa e Eron Bezerra pediram dinheiro de caixa 2), eu não lembro dessa reunião. E muito menos de ter havido ou pedido… Ele (o delator) já mudou, viu. Porque estão tendo outros depoimentos, ele já mudou bastante a versão. Primeiro, ele disse que não fui eu quem pediu o dinheiro, e que teria sido o Eron. Aí, depois ele deu outro depoimento… O fato é o seguinte: esse cara, nós não apenas dizemos que ele faltou com a verdade, nós estamos provando. Por isso, o inquérito é importante”
Sobre o processo contra Lula e a condenação pelo juiz Sérgio Moro
“Eu tenho certeza que o grande objetivo do processo contra o presidente Lula é inviabilizá-lo politicamente. E se esse é o grande objetivo, há perseguição contra o presidente Lula. (…) Não é só porque eu gosto do Lula, é porque eu defendo as ideias dele. E também porque avalio os processos que correm contra ele. Por exemplo: esse processo do triplex. Não há uma prova. Foram aproximadamente uma centena de testemunhas. Oitenta por cento delas, inclusive vinculadas à empresa, deram depoimentos favoráveis à defesa e à absolvição, mas ele (Moro) só levou em consideração aquela meia dúzia que disse que…”
É uma incongruência da Vanessa apoiar um senador que votou a favor do impeachment que ela tanto combatia.