MANAUS – A pandemia do novo coronavírus continua alarmante no Brasil e no Amazonas. No país, são 9,5 milhões de casos confirmados e 232 mil mortes até este dia 8 de fevereiro, conforme o Ministério da Saúde. E no Amazonas, conforme os dados da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde), até esta data foram 283.658 casos de contaminação e 9.116 mortes.
Esta segunda onda da Covid-19 veio muito mais forte no Amazonas, a partir de janeiro de 2021. Entre 13 de março de 2020, quando do primeiro caso confirmado pela doença, até 31 de dezembro de 2020, a FVS-AM tinha registrado 201.013 casos e 5.285 mortes. Já em 2021, entre dia 1º de janeiro até dia 8 de fevereiro foram 82.645 novos casos e 3.831 mortes, um aumento de abrupto de 72% de mortes. Do total de mortes no Estado, 42% ocorreram nestes 39 dias de 2021, o que equivale a 98 mortes em média por dia.
Além das medidas de distanciamento social, de prevenção, com uso de máscaras e álcool em gel, de evitar aglomerações e fechamento de atividades e circulação de pessoas, os cientistas dizem que a vacinação é fundamental e urgente para evitar que a doença continue se espalhando. O Brasil começou atrasado a vacinação, devido a inoperância do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que é militar e nada entende de gestão de saúde.
No Amazonas, a vacinação também é muito lenta. O Estado recebeu 282.320 doses Coronavac no dia 18 de janeiro; no dia 23/1, foram 132.500 doses AstraZeneca e, dia 25/1 mais 44.600 doses Coronavac, totalizando 459.420 doses enviadas pelo Ministério da Saúde. A vacinação começou no dia 19/1 e até dia 6/02, somente 115 mil doses, em torno de 24%, tinham sido ministradas para a população. Em termos proporcionais, número de doses e população, o Amazonas configurava como o 24º estado em vacinação. Muito atrasado e muito lento.
Para a data de 7/2, estava previsto a chegada de mais 96.200 doses Coronavac, e ainda há a promessa do governador Dória, de São Paulo, de mais 50 mil doses, que por ora foram suspensas devido as irregularidades ocorridas no Estado.
Em Manaus, até dia 6/2, a vacinação tinha atendido apenas 55 mil pessoas. A mesma lentidão, agravado com o fechamento dos postos de vacinação aos domingos, situação que denunciamos. Para agravar ainda mais a situação, a Prefeitura permitiu os “furas filas”, com médicas de famílias de políticos, secretários municipais, funcionários e profissionais que não estavam na lista de prioridades sendo vacinados. Um escândalo, que causou indignação da sociedade e ações do Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Defensoria Pública, Tribunal de Contas e até do Judiciário Estadual e Federal. Não é comum tantos órgãos públicos se manifestarem.
É urgente intensificar a vacinação como instrumento fundamental de prevenção. A Prefeitura de Manaus, os governos municipais do interior, bem como o Governo do Estado precisam contratar mais funcionários para vacinar a população, ampliar o número de locais para facilitar o acesso, ampliar o tempo de atendimento, até a noite, e intensificar o chamamento da população, pelos meios de comunicação. Não podemos aceitar as irregularidades, a falta de planejamento e logística e a lentidão, pois o Estado participa do Sistema Nacional de Imunização, onde todos os entes da federação participam das campanhas de vacinação há dezenas de anos. Não falta experiência. Falta prioridade e urgência.
O pesquisador Felipe Naveca, da Fiocruz, informou que precisaria haver uma vacinação de no mínimo 70% da população, com as duas doses, para ter um resultado efetivo para conter a doença. Outros cientistas já defendem 90% de imunização, devido as novas cepas desse vírus. Como 70% são necessários, 1,5 milhão de doses para Manaus e 3 milhões no Estado na 1ª dose.
Encaminhei indicação e pleito ao Ministério da Saúde para atender e priorizar Manaus e o estado, com essa vacinação em massa. Agora, se o ritmo for o atual, é possível que leve mais de dois anos para toda a população ser vacinada, e muitas mortes a mais.
Muitos pacientes vítimas da Covid foram transferidos para tratamento em outros estados. Se os cientistas estão certos ao afirmar que há uma variante do vírus circulando e contaminando em Manaus, mais rápida e mortal, é urgente a ação de prevenção, via vacinação. Em estados vizinhos, os casos de coronavírus também cresceram após as festas de final do ano, como Pará (região de Santarém), Rondônia, Roraima, o que justifica uma ação do Ministério da Saúde prioritário para a região.
Precisamos intensificar a campanha pela vacinação já e urgente. Vacine Manaus, Vacine Amazônia.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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