
Da Redação
MANAUS – Estudo feito em Manaus mostra queda nos índices de internação e óbito por Covid-19, com 62% e 63%, respectivamente, nos idosos vacinados.
A pesquisa “Mudanças no padrão de internações e óbitos por Covid-19 após substancial vacinação de idosos em Manaus, Brasil” usou dados de 2020 e 2021 e buscou avaliar como o padrão de hospitalizações e mortes se comportou, em cenários sem e com as vacinas contra a Covid-19, em pessoas acima dos 59 anos.
O estudo indica mudança nos padrões de internações e óbitos pela doença, com aumento no risco de hospitalização e morte nos mais jovens não vacinados e, importante redução desses indicadores nos idosos imunizados, sobretudo naqueles entre 60 e 69 anos. A redução geral nas taxas de internação e óbito por Covid-19 foi expressiva, com 62% e 63%, respectivamente.
Os padrões de internação e óbito por Covid-19 foram avaliados, comparativamente, em idosos entre 60 e 69 e, de 70 anos ou mais, em dois grupos de Semanas Epidemiológicas (SE) de 2020 (não vacinados) e 2021 (vacinados), a partir da data dos primeiros sintomas.
Perante os dados coletados, o estudo pontuou que os idosos, entre 60 e 69 anos e naqueles com 70 anos ou mais, a cobertura por vacina foi de 41,8% e 54,8%, bem como 53,5% e 90,1% nos grupos das semanas epidemiológicas (18-20) de 2021 e (21-23) de 2021, respectivamente. Os resultados reforçam a importância da vacinação, especialmente em contexto epidêmico como o de Manaus, marcado por elevada circulação da variante Gama (P.1).
Para o epidemiologista Jesem Orellana, os resultados reforçam a importância da vacinação não só em idosos, mas em mais jovens, incluindo crianças, já que, explica Orellana, as vacinas comumente são mais eficazes no sistema imunológico dessas pessoas, em comparação aos idosos.
“Estes resultados se revestem de importância ainda maior, em tempos de variantes altamente contagiosas e que parecem burlar parte da resposta imunológica, seja de pessoas previamente infectadas pelo Sars-Cov-2 ou com esquema vacinal incompleto, como parece ser o caso da Variante de Preocupação Ômicron”, disse.
Em relação às internações e mortes de idosos vacinados observadas neste estudo, os pesquisadores sugerem que vacinas não são infalíveis e, por isso alertam para o fato de que outras medidas, como uso correto de máscaras, distanciamento físico e higienização das mãos precisam ser combinados à vacinação contra o novo coronavírus.
O estudo foi dsenvolvido pelos pesquisadores Jesem Orellana, Geraldo Marcelo da Cunha e Iuri da Costa Leite, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz); Lihsieh Marrero, da UEA (Universidade do Estado do Amazonas); Bernardo Lessa Horta, da Universidade Federal de Pelotas; e Carla Magda Allan Santos Domingues, ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde.
O artigo foi aceito para publicação e em breve estará na íntegra na revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, que debate políticas públicas e fatores que afetam as condições de vida das populações e os cuidados de saúde.