Da Redação
MANAUS – Os efeitos do esquema de fraudes na saúde pública no Amazonas, desbaratado pela operação ‘Maus Caminhos’, da PF (Polícia Federal) e CGU (Controladoria Geral da União), já atingem o atendimento médico em unidades de saúde em Manaus. A UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Campos Sales, na zona oeste da cidade, foi fechada. O posto médico é administrado pelo INC (Instituto Novos Caminhos), envolvido diretamente nas fraudes, segundo a PF e a CGU.
No início da manhã desta segunda-feira, 26, funcionários terceirizados disseram que foram demitidos e fizeram um protesto para cobrar o pagamento de salários atrasados e a indenização por rescisão de contrato. A manifestação começou por volta das 7h30. Um grupo de 28 trabalhadores exibiu cartazes para chamar a atenção do público em frente à sede da UPA, que está sob intervenção.
“O que estamos reivindicando é apenas saber quem vai pagar nossas verbas rescisórias. Como vão ficar os salários atrasados. Quem se responsabilizará em pagar. Nós não queremos prejudicar a saúde, tanto que estamos disponibilizando 20% do pessoal para prestar atendimento, mas precisamos de uma resposta”, disse Paulo César Almeida de Souza, um dos líderes do movimento. Segundo ele, 200 trabalhadores estão sem receber salários.
Paulo de Souza estima que três mil pessoas, em média, estão sendo prejudicadas como as consequência do esquema de desvio de dinheiro público descoberto na semana passada. “São pais de família, são pessoas que trabalharam com seriedade e que hoje estão sem seu sustento. O que queremos é o nosso direito”, disse.
Almeida explicou que, além dos prestadores de serviço que trabalhavam na Campos Sales, também estão reivindicando seus direitos os prestadores de serviço que atuavam na Upa Tabatinga e no Centro de Reabilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz, no quilômetro 53 da Estrada AM-010 (Manaus-Itacoatiara).
Uma comissão foi formada pelos terceirizados para tentar uma audiência com o secretário de Saúde do Amazonas, Pedro Elias. O AMAZONAS ATUAL solicitou posicionamento sobre a situação à assessoria de imprensa do órgão, mas não obteve resposta até a publicação do fato.
Propostas
O Simeam (Sindicato dos Médicos do Amazonas) divulgou nota propondo dez medidas ao governo do Estado para resolver o pagamento dos terceirizados. “A primeira é acertar pagamentos (de imediato) das cooperativas e empresas médicas (pois com certeza o INC – Instituto Novos Caminhos vinha recebendo e não repassando); também faz parte das propostas do Simeam o oferecimento de plantões e outras atividades desenvolvidas pelo INC para cooperativas/empresas idôneas; a terceira proposta é o retorno dos plantões retirados dos médicos nos SPAs e melhoria geral das condições de trabalho; pagamento dos prestadores de serviço das atividades de apoio nas diversas unidades de saúde; maior participação das cooperativas/empresas e entidades representativas da categoria médica, juntamente com o controle social, no planejamento e decisões das ações de saúde no Amazonas”, diz a nota do sindicato.