Cheguei ao meu Rio de Janeiro na hora do almoço, paguei taxa de bagagem para entrar no táxi do aeroporto e ri. Taxa de bagagem pra táxi, em aeroporto. Só no Rio. Deixei os nove quilogramas de roupas diversas no hotel e…fui. Cento e cinquenta metros me afastavam do Bar Cervantes. Dois sanduiches foram o meu almoço. O mais famoso, e poucos sabem que o “Filé com Foie e Abacaxi” matou a fome dos papas da bossa nova no Beco da Fome, e o mais famoso deles, o “Pernil com Abacaxi”: Uma Beleza! Os papas sabiam.
Pronto! Estava preparado para conhecer o Estádio Nilton Santos, ex-João Havelange. Paguei R$ 190,00, e uma van veio apanhar todo o nosso grupo no hotel, para nos deixar no meio do campo. Entramos no famoso bairro carioca do Engenho de Dentro. Milhares de moradores começaram a pular pra cima da nossa condução, oferecendo uma vaga para estacionar o veículo. Até aí nada de muito estranho. Sentimos que não haveria estacionamento do estádio disponível. As vans ficariam dentro dos terrenos das moradias. Começamos a ver aquelas imensas e aladas estruturas de aço a oitenta metros de altura. E nada de estacionamento para um estádio para mais de cinquenta mil pessoas. Os carros todos empilhados nas moradias, milhares de bares exóticos, por cima de tambores, croquetes, hot-dogs, pastéis e …. o Estádio Nilton Santos. Não acreditei! O último lugar onde eu pensava ver um estádio, os cariocas conseguiram enxergar. Estávamos lá! Vamos enfrentar.
Desculpem-me os adoradores de futebol: uma m_ _ _a!
Só no nosso país, onde Petrobras, Correios e BNDES, são coisas do dia-a-dia, deixariam construir um monstro daqueles, naquele lugar. As modernas e aladas vigas, ou o que seja, não suportaram o próprio peso (devem ter surrupiado o aço) e estão todas, todas mesmo, escoradas. Um perigo! Não sei porque fiquei dentro daquela câmara da morte. Ah! Ia esquecendo do porquê da aventura: Botafogo x Fluminense. Semi-final do Cariocão.
Os dois times são compostos dos mais medíocres jogadores que Botafogo e Fluminense conseguiram juntar para os seus times, ambos, com mais de 100 anos de belíssimas histórias. Eu peço perdão, de joelhos, aos meus adoráveis fregueses, Vladimir Paixão, tricolor que viu e jogava como um Rivelino, da Máquina Tricolor, e do mais boçal dos seres deste planeta, Porfírio Lemos, que era uma mistura de Garrincha e Jairzinho, graças aos seus dribles e corridas irresistíveis rumo ao gol.
A esses dois craques só posso dar um conselho: vistam o Manto Rubro-Negro. O manto protege contra todos os males do futebol, até de jogadores ruins que superlotam o Ninho.
Eu fui para compará-lo com a nossa Arena. Ela não merece ficar ao lado daquela coisa.
Domingo, 19 de abril de 2015, aniversário da Martina, Dia do Índio, como a própria, a maior Chef que Troisgros, Laurent e Bocuse já viram. Fui ao Maracanã ver o Flamengo traçar o seu melhor cliente. O Vasco atropelou o meu “Horroroso Mengão” e o Maracanã deixou que inescrupulosos fizessem uma plástica sem a consulta prévia aos seus deslumbrados clientes: ao Pitanguy, que sabe tudo de beleza e ao Mundo do Futebol. Perdeu o encanto, levaram-lhe a magia. É um estádio igual a tantos outros por aí. Aos governantes do Rio só falta a autorização para usar Copacabana e Ipanema como LIXÃO e a derrubada do Cristo com a imediata colocação da estátua do Lula.
Um deboche para o mundo do futebol.
Eu du-vi-dê-ó-dó, macaxeira, mocotó, que o Comitê Olímpico Internacional permita atletismo e futebol naquilo que eu vi no Engenhão.
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Roberto Caminha Filho, economista e nacionalino, está plutão.