Quando você senta e vê Bayern x Barcelona, ou Juventus x Real Madrid, pela tarde, volta a ser feliz por assistir ao velho esporte bretão na sua mais espetacular performance. Os passes – o fundamento mais nobre do futebol – sendo exercitados com baixíssima taxa de erro, os chutes na direção do gol com acertos espetaculares, faltas quase zeradas e jogadores xingando a mãe do árbitro por qualquer lateral, tendendo a menos infinito, melhora o astral do desempregado e traz esperança a industriais e comerciantes. Os adoradores de um bom futebol se reúnem e celebram o que existe de melhor no esporte e rezam para que os nossos brasileiros, presentes em todos os jogos, façam a mesma coisa quando vestirem a “camisola” verde-amarela.
Embalados com aquela exibição da tarde, os brasileiros, no Brasil, se reúnem à noite para um churrasco em torno da televisão. O controle remoto não para. Passa pelo Flamengo, não dá, chega no Corinthians, horrível, vira para o Grêmio, irreconhecível. Alguém conhece um centroavante europeu com as características do exigente Luiz Fabiano? Duvido!
O grupo tira o foco da televisão e concentra-se no tambaqui e no churrasco de fraldinha ou no suculento franguinho. O futebol brasileiro foi substituído por uma outra imitação barata, onde, dificilmente vê-se um drible, uma ‘trivela’ ou um gol de placa. É o futebol implantado pelo Felipão, jogado fora do Grêmio, do Cientista Luxemburgo e do Mestre dos Magos Tite, que orientam seus jogadores em uma direção oposta à dos treinadores europeus e estão implantando um novo esporte. O resultado quando os dois esportes se cruzam? 7×1 para os europeus. É proibido existir o craque. Matem o craque, parece ser a ordem dos trituradores da nossa paciência.
O Coach Tarimba é que está certo quando cravou: “A pior coisa do mundo é um burro com iniciativa”.
Parece uma coisa difícil de aceitar, mas a campanha contra a contratação de um técnico europeu já começou. Os “treineiros” do Brasil não largam o microfone antes de falar de um insucesso do Mourinho ou do Pepe Guardiola dirigindo qualquer dos clubes brasileiros. Não queremos dirigindo clubes, queremos dirigindo a seleção.
Pura balela! Dor de cotovelo! Inveja dos despreparados!
Gallo, técnico dos jogadores olímpicos, onde a renovação de uma nova geração de jogadores começaria, já foi defenestrado. Ainda bem, foi desligado, pois, como todos os brasileiros viram, não agregou nada de novo ao futebol do 7×1. Culpa dele? Claro que não! O futebol brasileiro continua caindo pelas tabelas e serve, tão somente, para suprir, com craques, o futebol dirigido por especialistas comprovados.
Não dá mais para enganar: ou trazemos um treinador europeu, aquele que faz com que nossos craques se apresentem como vemos, ou passemos a torcer pelos nossos brilhantes surfistas, que a todo fim de semana, nos enchem de alegres momentos e troféus.
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Roberto Caminha Filho, nacionalino e economista, detesta um “perna de pau”.