Por Diego Garcia, da Folhapress
RIO DE JANEIRO – Um em cada cinco (19,1%) estudantes de 6 a 29 anos não teve nenhum tipo de atividade escolar no mês de julho, em meio à pandemia da Covid-19 no país, informou nesta quinta-feira, 20, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em números absolutos, foram 8,7 milhões sem estudos em julho. O mês é tradicionalmente de férias no calendário escolar do Brasil, que acabou bagunçado pelo distanciamento social causado pelo avanço do novo coronavírus. Tanto que a Pnad Covid-19 -edição extraordinária da pesquisa do IBGE criada para medir os efeitos do novo coronavírus sobre a população e o mercado de trabalho- apontou que apenas 8,9% dos estudantes brasileiros estavam efetivamente de férias em julho.
Os demais 72%, ou 32,6 milhões de brasileiros de 6 a 29 anos, disseram que tiveram atividades escolares no período. A maioria (60,5%) dos 45,3 milhões de estudantes frequenta o ensino fundamental. Estão no médio 21,1% e, no superior, 18,4%.
De acordo com Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa do IBGE, a pesquisa mostra grandes diferenças entre as regiões do país. No Norte, quase 40% dos estudantes do ensino fundamental e quase metade das do ensino médio ficaram sem atividades escolares em julho. Por outro lado, no Sul, 91,7% dos que estavam no fundamental e quase 90% das do ensino médio realizaram atividades escolares.
“Quanto menor a renda da família, maior o percentual de estudantes que não tiveram atividades escolares durante a pandemia”, disse a pesquisadora.
A baixa frequência escolar dos estudantes brasileiros acontece em meio a discussões sobre a reabertura das escolas após a suspensão das atividades presenciais com a pandemia do novo coronavírus.
No último dia 10 de agosto, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que, das 27 unidades da federação, apenas 4 definiram uma data. Entre as capitais, só 2 têm data proposta para o retorno.
A ausência de coordenação e orientação do governo federal sobre parâmetros seguros de saúde dificulta o planejamento para a volta às aulas presenciais. O Ministério da Educação não criou até o momento nenhum protocolo de retorno ou anunciou apoio financeiro às redes de ensino.
O levantamento feito pela Folha de S.Paulo indicou que, na ocasião, apenas o Amazonas, Distrito Federal, São Paulo e Paraná já haviam definido uma data de retorno, ainda que as autoridades afirmem ser apenas uma previsão. Nos três estados, contudo, as redes municipais das capitais não seguiram a definição de data e ainda afirmam estudar o retorno.
A frequência escolar foi um dos seis novos temas abordados em julho pela Pnad Covid-19, que divulgou nesta quinta-feira sua terceira edição mensal. Outros itens foram comorbidades, comportamento no isolamento social, solicitação e aquisição de empréstimos e de itens de higiene e proteção.
Para realizar a Pnad Covid, o IBGE utilizou uma amostra de 193 mil domicílios espalhados pelo país, distribuídos entre as quatro semanas do mês de julho.
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