Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – As medalhas quase não cabem no pescoço dos garotos. São o resultado de alguns anos de dedicação desde que eles tinham 4, 5 anos de idade. Luís Paulo Amador, 14 anos, Isaque Lima, 12 anos, e Paulo Lohan Amador, 12 anos, são exemplos de perseverança. Os resultados alcançados com tão tenra idade é prova de que qualquer barreira pode ser vencida quando há força de vontade.
“Eu comecei a minha vida atlética aos 5 anos de idade. Minha mãe me apresentou ao esporte e, desde pequeno, sempre gostei, sempre curti, sempre fui fã da arte do Jiu-Jitsu, o que ela pode proporcionar pra mim e pra geral”, diz Luís Paulo, faixa amarela de Jiu-Jitsu e ganhador de quase uma dezena de medalhas.
Eu comecei em 2014, quando tinha 4 aninhos. Meu pai é faixa preta de Jiu-Jitsu, ele começou a me levar, eu fui olhando e acabei gostando, comecei a me empolgar e decidi praticar o esporte”, conta Isaque, faixa amarela de Jiu-Jitsu e campeão de Judô.
Os três têm em comum o apoio dos pais, no caso de Luiz Paulo e Paulo Lohan, o apoio da mãe, a pedagoga Leonice Amador, 55 anos, também praticante de Jiu-Jitsu.
“Eu comecei no Jiu-Jitsu com 5 anos de idade. Estou há quase seis anos na faixa amarela e, o meu maior exemplo mesmo de vida e no Jiu-Jitsu é minha mãe; ela é quem me ajuda em tudo”, diz Paulo Lohan.
Depois de tantas vitórias e medalhas, os irmãos Luís Paulo e Paulo Lohan reduziram o ritmo de treinamento. Ambos poderiam estar treinando com atletas de alto rendimento, mas só reinam nos fins de semana, por uma injustiça cometida pela direção de escola militar em que estudaram até o ano passado.
Leonice Amador conta que eles estudavam em turno único (matutino) e treinavam diariamente em uma academia de Jiu-Jitsu, mas neste ano, a escola colocou cada filho em um turno. “Eu não tinha como levar e buscar os dois, de manhã e à tarde, por conta do meu trabalho. A escola se recusou a rever os horários e tive que tirá-los. Eles foram aceitos em uma escola de tempo integral”.
Com a rotina escolar, eles não conseguem mais treinar diariamente. “Agora, só conseguem treinar sexta-feira à noite, sábado e domingo. Na semana, precisam dormir cedo porque acordam muito cedo”, explica a mãe.
Thiago Lima, 36 anos, pai de Isaque, tem mais facilidade de treinar o filho, aluno do 7° ano do ensino fundamental. Estudando em apenas um turno, sobre tempo para treinar diariamente.
“No mês passado, ele participou de uma competição com os melhores do Amazonas e conseguiu a vaga para disputar o campeonato brasileiro regional de Judô”. O Regional 1 será realizado no dia 30 de abril e 1° de maio, em Belém (PA), e os vencedores participam do Campeonato Brasileiro de Judô com os melhores do Brasil.
E quem pensa que os garotos que se dedicam ao esporte relaxam nos estudos, está enganada. Luís Paulo e Paulo Lohan também acumulam medalhas nas Olimpíadas de Matemática. Eles participaram de três versões das Olimpíadas de Brasileira de Matemática e conquistaram três medalhas cada um, sendo uma de bronze e duas de prata.
“Neste ano eu participei da Olimpíada de Matemática e estou esperando o resultado, que deve siar em maio. Espero conquistar mais uma medalha”, afirma Paulo Lohan.
Conquistas precisam ser comemoradas, mas não é fácil. Tiago e Leonice reclamam da falta de apoio ao esporte ao mesmo tempo em que afirmam o que todos os especialistas repetem aos quatro ventos: o esporte ajuda no desenvolvimento físico e mental das crianças e contribuem para a formação de adultos cidadãos.
“As dificuldades vão desde suplemento, alimentação… Porque quando você escolhe ser um atleta, até sua alimentação muda. A roupa, investimento com passagem para participar dos campeonatos. Tudo é muito caro”, afirma Thiago, que reclama da falta de apoio.
“Atualmente a gente não recebe apoio do estado nem do município. A gente recebe apoio dos amigos e da comunidade manauara para que a gente possa levar essas crianças para as competições”, completa Thiago Lima.
“Pra mim, a dificuldade é dobrada, porque são dois. E nas competições é preciso levar dois quimonos, e os quimonos são caros. Se eu tirar do meu salário, vai faltar o feijão e o arroz em casa. Então, eu tenho que ir à luta, e a luta é árdua”, disse Leonice Amador.
A pedagoga afirma que se houvesse investimento do poder público e de empresas no esporte, nem seria necessário investir em casas de “ressocialização” de crianças e adolescentes. “Essas casas que dizem que é para ressocializar, mas muitos saem piores”.
Saiba mais sobre os três garotos campeões na reportagem de vídeo: