Do ATUAL
MANAUS – Técnicos do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) visitaram nesta semana a usina termoelétrica a gás da Eneva em Sergipe, a convite da própria empresa, que trabalha na implantação de uma usina similar em Silves (a 181 quilômetros de Manaus), onde explora o gás natural. Para prosseguir com o projeto, a companhia precisa de licenças ambientais.
De acordo com a Eneva, a usina de Sergipe servirá como referência para a estrutura que será construída no Amazonas. Quando estiver em funcionamento, o Complexo do Azulão – como será chamado – passará a gerar energia que será integrada ao sistema nacional, com capacidade para abastecer 1 milhão de residências.
A analista ambiental e assessora da presidência do Ipaam, Maria do Carmo Santos, disse que os empreendimentos são semelhantes, apesar de estarem em biomas diferentes. Uma das vantagens, segundo ela, é que não será necessário o processo de dessalinização da água que ocorre na usina de Sergipe, que usa água do mar.
“Mesmo sendo um bioma diferente, os empreendimentos são semelhantes. Uma das diferenças, por exemplo, é que no Sergipe eles usam água do mar e no Amazonas usarão água do rio, então não será necessária a dessalinização. A composição química é diferente, mas conseguimos entender o processo de forma prática”, disse Maria do Carmo.
Os técnicos do Ipaam também tiveram encontro com equipes da Adema (Administração Estadual do Meio Ambiente do Sergipe) e do Ibama. “Os técnicos nos repassaram os passos a serem seguidos. A legislações são semelhantes nos estados. A do Amazonas é mais restritiva porque o bioma é mais sensível”, disse Edson Pinheiro, analista ambiental da Gerência de Recursos Minerais.
Produção de energia
Quando está em operação, a Hub Sergipe é capaz de produzir 1,6 GW de energia, suficiente para abastecer 15% de toda a demanda do Nordeste. Em termos comparativos, a estrutura que está em fase de implantação em Silves, produzirá 950 MW, o que equivale ao abastecimento de 1 milhão de residências, praticamente toda a demanda do Amazonas.
A Eneva está no Amazonas desde 2018, quando foi furado o primeiro poço em Silves, com sucesso na obtenção do gás natural. Desde então, a empresa vem trabalhando para seguir todos os trâmites legais, mitigando os impactos e operando na construção da usina no interior do estado.
“A partir do sucesso dos projetos que a gente vem montando, chegamos agora no que chamamos de Complexo do Azulão. Já perfuramos uma série de poços exploratórios, que trouxeram a viabilidade de trazermos essa usina de quase 1 GW de potência. É um grande projeto para gerar energia segura a gás. A equipe de licenciamento do Ipaam veio ao Sergipe exatamente para conhecer os impactos e tirar as dúvidas”, explicou Felipe Roza, gerente de Licenciamento, Meio Ambiente e Fundiário da Eneva.
A Eneva realiza comercialmente a exploração e produção do gás natural no Azulão para abastecer a UTE Jaguatirica II em Roraima, responsável por cerca de 70% do suprimento elétrico do Sistema Isolado da capital naquele Estado.
O gás é liquefeito em Azulão e transportado por carretas por 1.100 km para Boa Vista, onde é regaseificado e utilizado para a geração termelétrica — o que reduziu em 30% as emissões de carbono ao substituir o óleo diesel, chegando a evitar 155 mil toneladas de CO2 equivalente pela energia gerada em 2022.A
Procurada pela reportagem, a Eneva informou que o Ipaam nomeou equipe técnica para analisar o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) da Eneva e realizou benchmark (busca das melhores práticas de gestão) com a usina e com órgãos ambientais locais.