MANAUS – A cirurgia estética de reparação da mama, retirada em casos de câncer, deve ser feita em pouco intervalo de tempo após a remoção. O curto prazo possibilita manter a autoestima e previne como traumas psicológicos. No Brasil, a Lei nº12.802/2013 torna obrigatória a operação de reparação da mama no SUS (Sistema Único de Saúde).
“Todas as pacientes que passaram por mastectomia, seja por doenças benignas ou câncer, têm indicação para reconstrução mamária. A mama é um dos principais símbolos da feminilidade, e a perda pode afetar a autoestima da mulher. O objetivo da reconstrução é devolver-lhe a confiança e o sentimento de poder”, diz cirurgião plástico Renan Gil.
Entre as técnicas para reconstrução mamária há expansores, implantes de silicone, o uso de retalho da musculatura grande dorsal.
“Em pacientes com mamas grandes, após a remoção de um quadrante pela equipe da mastologia, utilizamos os tecidos saudáveis restantes para reconstruir a mama. Para garantir simetria, ajustamos a outra mama, fazendo uma redução para que ambas fiquem com volumes semelhantes. Também realizamos mastopexia, que é o levantamento e reposicionamento das mamas”, explica o médico.
Outra técnica utilizada na reconstrução mamária é o uso de implantes de silicone. Quando há grande diferença entre a mama doente e a saudável, recomenda-se a simetrização. Em alguns casos, essa simetrização é feita em um segundo procedimento, para evitar longas cirurgias e reduzir o risco de complicações.
Conforme o cirurgião, outra técnica possível é o retalho miocutâneo que utiliza pele e tecido do abdômen, semelhante a uma abdominoplastia, para reconstruir a mama. “Por ser mais volumoso, muitas vezes dispensa o uso de implante de silicone. No entanto, trata-se de um procedimento mais complexo e com maior risco de complicações, sendo utilizado apenas em casos específicos”, diz o médico.
Outra opção são as próteses expansoras, que são inseridas gradualmente para expandir a pele e preparar a área para um implante definitivo. Essa técnica é usada quando há pouca pele disponível após a mastectomia, permitindo que a mama seja reconstruída ao longo do tempo.
Pré-operatório
O médico alerta que as pacientes com câncer, naturalmente, já têm o risco maior de formar trombose de membros inferiores. Segundo o especialista, essa é uma paciente que pode precisar de tromboprofilaxia, que seria o uso de anticoagulantes, meias compressivas e botas pneumáticas. “É necessário que essa paciente esteja com níveis de hemoglobina adequados, porque a anemia pode afetar até a cicatrização. Fundamental também que não tenha nenhum sinal de infecção”.
No pós-operatório é importante o uso do sutiã cirúrgico, acompanhamento da fisioterapia para a manipulação dos tecidos e uma melhora em relação, principalmente aos edemas. Há também restrição à movimentação exagerada. O médico ainda orienta que a cicatrização nessas pacientes submetidas à radioterapia, muitas vezes é mais complicada.
“Fica mais difícil o processo de cicatrização na pele que foi irradiada para tratar o câncer. É necessário ter alguns cuidados em relação a essa pele. Lançar mão de algumas pomadas e alguns medicamentos para que a cicatrização aconteça de forma mais adequada possível e mais acelerada. Em alguns casos de implante mamário na reconstrução pós-câncer, pode ter uma reação de contratura da capsular (membrana que recobre o implante). Nesse caso é necessário um novo procedimento cirúrgico para fazer essa correção”, concluiu.