A tentativa de transferência da responsabilidade sobre o aumento da tarifa de transporte coletivo para o colo do governador José Melo (Prós) não surtiu efeito nem mesmos nos primeiros momentos após o anúncio feito na terça-feira desta semana pela Prefeitura de Manaus.
Como convencer que a “culpa é toda do Melo” sem que a prefeitura, com a responsabilidade direta de gestão do sistema de transporte, explique porque aproveitou o momento para também retirar o subsídio de R$ 5 milhões por mês? Se a prefeitura permanecesse com o subsídio a tarifa não teria subido a R$ 3,80.
É como uma mãe que acha um absurdo a retirada de uma doação de leite em pó para o filho e ao reclamar desta ação decide negar também o leite do peito. Atacar o.governo neste contexto é atacar a si mesmo.
Como se esta contradição não fosse o bastante, a distribuição do banquete de munição para os adversários contou com outros ingredientes que sinalizam o descuido político com o tema: coletiva encenada para impedir o questionamento da imprensa e a demonstração de despreparo do porta voz oficial de Artur Neto (PSDB) -Marcos Rotta (PMDB) – para lidar com assunto.
A sequência de golpes de palavras para atingir o governo, a “cerca de jurubeba” (como se diz no jargão jornalístico) para evitar questionamentos, neste sentido, geraram clara sinalização de que o grupo não se deu conta que a fase do game mudou. A estratégia de transferência do saldo negativo dos problemas de Manaus para o colo do governador teve êxito na campanha eleitoral de 2016, em parte favorecida pela própria inabilidade do adversário para aquela fase do jogo.
Desligadas as urnas, porém, a fase muda e os comandos para se manter vivo e pontuando no jogo político também. Não descer do palanque e nem destravar as armas para o principal alvo da sua campanha, o governador José Melo, foram escolhas do prefeito e de seu grupo.
Outra aposta fora da rota da coerência é o anúncio que coube ao vice-prefeito de que as melhorias do sistema são internet nos ônibus e wi-fi nos terminais. Quem é obrigado a usar o transporte coletivo anseia menos tempo em paradas e deslocamentos e ônibus menos lotados. Tentando exibir informações dos modais que estão em fase de estudo para implantação em Manaus, Rotta sequer soube responder perguntas básicas sobre os fatores que constituem o valor da tarifa e fugiu dos questionamentos.
Acostumado aos ataques do palanque eletrônico, o vice-prefeito ainda não achou o tom certo para lidar com os abacaxis de quem está do outro lado do balcão e foi escolhido pelo grupo para associar a imagem a estas notícias negativas. Já há quem o chame de boi de piranha de Arthur e Eduardo Braga.
A fartura servida à oposição e ao campo da crítica teve ainda a “transparência” póstuma da planilha do transporte coletivo, um produto alimentado fora de regras rígidas de publicidade e independência e, por isso, com altos riscos de manipulação.
Sem falar nos 200 novos ônibus que chegarão em março (??) …