Do ATUAL
MANAUS- Tacacazeiras querem a regulamentação da atividade no Amazonas. Elas defendem a inclusão do tacacá no livro de registro de saberes do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o consumo da iguaria na merenda escolar da rede pública de ensino.
“Quando um bem, seja ele material ou imaterial, é registrado, ele oficialmente passa a ser protegido, um esforço é direcionado para que ele possa continuar a ser passado de geração a geração, com uma política voltada para aquela atividade”, explica a superintendente do Iphan no Amazonas, Beatriz Calheiro.
As tacacazeiras elaboram estudo para obter a avaliação do registro do ofício no estado. Elas alegam que o preço dos ingredientes, as mudanças climáticas e a falta de garantia de direitos trabalhistas e previdenciários prejudicam a produção e a venda do tacacá e são ameaças à atividade.
Para evitar escassez dos produtos e da iguaria, as tacacazeiras propõem o consumo na merenda escolar, a criação de políticas públicas para fomentar a atividade no estado e fortalecimento da agricultura familiar, de onde vem a mandioca que faz a goma, o tucupi e também o jambu.
“Nós pretendemos complementar informações da pesquisa iniciada nos anos 2000 e ouvir as demandas, dificuldades e ameaças ao ofício para que a gente formule ações para salvaguardar essa atividade”, disse Luciana Carvalho, a coordenadora do estudo e integrante do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
A pesquisa será realizada também nos estados do Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins para obter o reconhecido do tacacá como patrimônio cultural do Brasil.
O estudo inclui também homens que produzem a iguaria, mas a predominância é das mulheres. “Passar isso de geração a geração é maravilhoso. Além disso, todos nós temos uma forma de fazer o tacacá que é diferente uma das outras” disse o tacacazeiro Val Kokama.
Aline Damasceno, do Tacacá da Tia Socorro, herdou a atividade da mãe. “Minha mãe fazia tacacá pra mim desde que eu era criança e isso se tornou uma profissão por acaso depois de um curso de empreendedorismo. O tacacá da tia Socorro já existe há 18 anos e é importante discutir as dificuldades e o que fazer para que nossa atividade não acabe”, disse.