Por Lúcio Pinheiro, com colaboração de Patrick Motta
MANAUS – A dois dias da eleição, na noite de sexta-feira, 25, questionado sobre as pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias, que apontam uma vitória de seu adversário por quase 30 pontos percentuais de diferença e uma enxurrada de votos brancos e nulos, o candidato do PMDB a governador do Amazonas, Eduardo Braga, respondem com uma máxima do futebol: “Treino é treino, jogo é jogo, e final de campeonato é final de campeonato”.
De acordo com o senador, que enfrenta Amazonino Mendes no segundo turno da eleição suplementar para governador do Amazonas, o resultado das urnas só será conhecido depois das 17h deste domingo, quando começa a apuração dos votos. “Nós vamos saber quando abrirem as urnas e a gente poder contar os votos”.
Vantagem elástica
Se as pesquisas de intenção de votos foram confirmadas nas urnas neste domingo, 27, será a primeira vez que nas disputas para o Governo do Amazonas travadas por Amazonino e Braga um vencerá o pleito com uma vantagem tão elástica sobre o outro.
A eleição suplementar é um tira-teima entre Amazonino e Braga. Os dois já disputaram o cargo de governador duas vezes, com uma vitória para cada lado. Em 1998, Amazonino venceu o adversário com uma diferença de apenas 3,4 pontos percentuais. Oito anos depois, em 2006, foi a vez de Braga dar o troco. A diferença dele para o ex-governador foi de 11 pontos.
Neste ano, segundo as pesquisas divulgadas nesta última semana do segundo turno, a vantagem a favor de Amazonino pode variar de 22,8% a até 26,8%. Os números foram levantados pelo IDP/Diário do Amazonas e pela DMP/Tiradentes, e divulgados na quinta-feira, 24, e na sexta-feira, 25, respectivamente.
Para o analista político Carlos Santiago, Amazonino foi favorecido nesse pleito pelo excesso de decepção do eleitorado com as opções oferecidas. Foi um mais do mesmo, diz ele. “Com essa desesperança com a atual safra de políticos que temos no Brasil e no Amazonas, o eleitor preferiu olhar para trás do que para frente”, afirma o analista.
Santiago sustenta que esta eleição suplementar manda um recado para os dois candidatos que passaram ao segundo turno, mas também para o que ficaram pelo caminho: todos são culpados pelo desencantamento dos eleitores.
“O mais grave é a avaliação de políticos criticando esse cenário e as opções que o eleitor colocou no segundo turno. Eles não se enxergam como parte do problema da falta de confiança do eleitor. Porque se tivessem a confiança do eleitor, eles estariam no segundo turno”, comenta Santiago.
O sociólogo Marcelo Seráfico diz que o afastamento de Amazonino do processo político nos últimos anos acabaram poupando o ex-governador do desgaste natural das demais personagens, como Braga. Segundo Seráfico, isso explica em parte o “renascimento” e a vantagem de Amazonino nessas eleições.
“O Amazonino saiu profundamente desgastado da prefeitura, e se manteve relativamente distante do processo político no Amazonas. Por outro lado, o senador Eduardo Braga esteve atuante no Senado e no Ministério de Minas e Energia, em momentos críticos da história do País, em que o governo que ele servia passou por uma crise séria. Ele saiu do governo federal, voltou ao Senado, teve posições políticas controversas. E o Amazonino distante desse processo. Então, em um certo sentido, o Amazonino foi poupado do desgaste político de quem estava envolvido diretamente com a vida política mais recente do País”, avalia Seráfico.
Histórico do duelo
Nas eleições de 1998, Amazonino venceu com 418.373 votos, o que representou 51,13% dos votos válidos. Braga teve 390.214 – 47,69% dos votos válidos. Ou seja, uma diferença de apenas 3,4% entre os dois.
Na segunda disputa entre os dois, em 2006, Braga venceu Amazonino com uma vantagem considerável: 11%. O senador do PMDB teve 687.912 votos (50,6%) contra 543.412 (39,9%) do candidato do PDT. Naquele ano, Braga disputava a reeleição para o governo.
Um dado que acrescenta mais um ineditismo nessa eleição é que em 1998 e em 2006 a disputa entre Amazonino e Braga foi resolvida no primeiro turno. Ou seja, essa é a primeira vez que os dois políticos disputam um com o outro uma eleição para o governo no segundo turno.
Braga já é experimentado em eleição para o governo no segundo turno. A de 2014, que ele perdeu para José Melo (Pros), foi decidida em duas etapas – outro fato histórico na política amazonense. Até então, todos os pleitos para o Governo do Amazonas eram resolvidos em um turno.