Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A Asprom-Sindical (Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus) e o Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas) alegam que a decisão da Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas) para o retorno presencial às aulas na forma de rodízio é unilateral.
Nesta terça-feira, 9, o secretário de educação Luis Fabian Barbosa anunciou que adotará a proposta do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e a rede estadual de ensino terá rodízio de alunos e aulas híbridas (presenciais e à distância).
Em entrevista ao ATUAL nesta quarta-feira, 10, a professora Helma Sampaio, presidente da Asprom, disse que a categoria não foi ouvida pela Seduc, apesar das tentativas de contato. “Não estamos vendo pela parte da Seduc o interesse em escutar as comunidades escolares, os professores, os alunos, os sindicatos. Já mandamos para a secretaria solicitação para que possamos estar na comissão de planejamento do retorno. Mas nós não tivemos nenhum retorno. Já mandamos dois documentos referentes a uma solicitação de participação, porque nós queremos contribuir com esse debate”, disse.
A professora Ana Cristina Rodrigues, presidente do Sinteam, também diz que não foi ouvida. “Em nenhum momento, embora nós estejamos tentando entrar em contato com eles (Seduc), nos consultaram, mesmo para uma reunião online”, diz. Ana Cristina disse que o sindicato enviou uma solicitação e aguarda o prazo de 48 horas para ter o retorno da Seduc.
A líder da Asprom diz que mesmo com o rodízio de alunos proposto pelo secretário, não há garantia de segurança. “Temos as escolas super lotadas e o secretário pontua que os alunos vão voltar, mas não todos, vai ser de maneira escalonada. Mas isso não garante que nós estejamos seguros nas escolas”, afirma.
Segundo Sampaio, é preciso haver uma garantia por parte da Seduc de que um protocolo de segurança será seguido. “Precisa de um protocolo de segurança, utilização de máscaras, álcool em gel, profissionais de serviços gerais para que possam fazer uma limpeza criteriosa das escolas, um serviço de higienização na entrada das escolas, fazer a medição da temperatura”, pontuou.
Ana Cristina afirma que com o Sinteam recebeu muitas reclamações por parte dos professores. Segundo a presidente do sindicato, mesmo com o esquema de rodízio de alunos, ainda não é seguro o retorno às aulas presenciais, pois a estrutura das escolas não atende às determinações da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Sinteam e Asprom se manifestaram publicamente contra a volta das aulas, pois consideram que enquanto não reduzirem os casos e mortes por Covid-19 não é seguro.
Em nota, o Sinteam afirma, entre os motivos para o posicionamento contrário, que “as escolas não tiveram nenhuma sanitização adequada até agora, nem sabão ou álcool em gel para a higiene constante das mãos, muito menos os equipamentos de proteção individual” e que “os professores não terão como controlar o uso de máscara dos alunos e, devido à superlotação das salas, também não será possível o distanciamento”.
Em carta aberta, a Asprom cita que uma parcela significativa de professores, pedagogos, vigilantes, merendeiras, pessoas que atuam nos serviços gerais e administrativos possuem comorbidades como doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, asma, que fazem com que esses profissionais façam parte do grupo de risco.
No documento, constam também exigências para que as aulas presenciais ocorram com segurança para todos (veja a carta completa ao final da matéria).
Outro lado
Consultada pelo ATUAL, a Seduc informa que todas as medidas de rodízio são recomendadas mundialmente e que o Movimento Todos Pela Educação é um dos que têm emitido notas técnicas para apoio às redes de ensino.
O movimento da organização não-governamental Todos Pela Educação, emitiu uma nota com recomendações para o retorno às aulas presenciais no contexto da pandemia de Covid-19.
O material, que está sendo usado como fonte para a Seduc, contém propostas e estratégias baseadas em pesquisas sobre países e regiões que já passaram por situações similares à atual (por outras epidemias, guerras e desastres naturais), com revisão crítica de especialistas em educação. Veja AQUI o documento completo.
A secretaria informa também que ainda não há nada definido e nem data para o retorno, que tem trabalhado com consultas e fará uma pesquisa com a comunidade escolar.
Carta Aberta Asprom Sindical