Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Após sete dias de paralisação no transporte público em Manaus, o Sindicato dos Rodoviários e o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas) chegaram a um acordo e anunciaram o fim da greve na tarde desta segunda-feira, 4. A audiência de conciliação foi mediada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e teve a participação da Procuradoria Geral do Município e da Ageman (Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de Manaus).
Pelo acordo, os rodoviários terão reajuste salarial de 5,5%, pagos entre o início do mês de julho e o final do mês de agosto. São 3,5% referente aos anos 2016/2017, e 1,69% referente aos anos 2018/2019. Além disso, as faltas durante os dias de greve não serão descontadas, mas pagas durante os próximos seis meses.
Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Givancir Oliveira, nem todas as reivindicações foram atendidas, mas o acordo representa um “bom negócio” para a categoria. “Não foi aquilo que a gente queria. Foi 5,5%, mas mediante todo o cenário, foi um bom negócio, tendo em vista que a categoria foi anistiada”, disse Givancir.
Segundo o presidente, outra conquista da categoria foi a garantia de que não haverá demissão dos trabalhadores que participaram do movimento grevista. Mas, as empresas poderão contratar até 10% de horistas, o que representa aproximadamente 2 mil novos trabalhadores.
“A categoria conseguiu avanços importantes. Conseguimos barrar parte da Reforma Trabalhista na CCT [Convenção Coletiva de Trabalho], anistiando todos os trabalhadores que participaram da greve e ganhando o feriado como hora 100%, coisa que antes eles compensavam como hora normal”, disse Givancir.
O acordo se deu após uma manhã tumultuada, com 61 ônibus depredados, trânsito interditado e conflito entre manifestantes e policiais no Terminal 4, na zona leste da capital.
Uma nova rodada de negociações foi realizada na manhã desta segunda-feira no MPT. Com a presença da Polícia Federal, os rodoviários se recusaram a participar da audiência e deixaram o prédio do MPT. O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Givancir Oliveira, disse que se sentiu intimidado e que “não era bandido para negociar ao lado de coronéis”.
“Eu não me senti bem em ir para a mesa de negociação com a presença de policiais federais. Não dá para negociar com coronéis do seu lado. Eu não vim negociar com a federal. Se quiserem me prender, que me prendam”, disse Givancir.
De acordo com o Sinetram, devido ao comprometimento da frota no início da manhã, com os ônibus quebrados e a falta de alguns colaboradores que entrariam para trabalhar no turno da tarde, 68% da frota está circulando na noite desta segunda-feira, o que equivale a 856 ônibus.