Da Redação
MANAUS – A Sejusc (Secretaria de Justiça do Amazonas) informou que o totem deixado no Amazonas Shopping que mostrava uma criança segurando uma placa com a frase “A sua moedinha me prende aqui” foi uma “infelicidade”. De acordo com o secretário executivo Emerson Rodrigues, a placa foi usada em campanha nos semáforos contra a exploração de crianças, mas deixada no shopping após confraternização.
A campanha “Não troque a infância por moedas” foi criada para combater o trabalho infantil e ecerrada no dia 17 de setembro. Ela ocorreu nos shoppings Manauara, Amazonas, Ponta Negra, Sumaúma, Via Norte e Grande Circular, além dos terminais da Cidade Nova, Jorge Teixeira e São José.
Emerson explica que o totem em específico foi deixado por engano no shopping e a secretaria não foi informada do erro. “Fizemos o encerramento (da campanha) no shopping e este totem estava sendo usado nas ruas, em semáforos. Por uma infelicidade deixaram no shopping. O que me causou surpresa foi aquilo ter ficado 15 dias lá sem recebermos um aviso”, disso.
Nas redes sociais, a campanha foi criticada. Usuários do Twitter chamaram de “absurdo”, “insensível” e “eugenista”. A assistente social Nicole Fernandes afirma que a iniciativa não resolve o problema do trabalho infantil. “Ninguém suplica dinheiro ou alimento porque quer. Tornou-se necessidade. Um meio de sobreviver a esse momento em que vivemos, onde as pessoas estão recorrendo a restos de alimentos e ossos para permanecerem vivas”, diz.
O secretário da Sejusc, no entanto, sustenta que os pedidos das crianças e adolescentes fazem parte de uma rede de organização criminosa, de pessoas que exploram as crianças nas ruas. “A nossa campanha era pra conscientizar doadores, porque essas doações fazem as crianças continuarem a ser exploradas no semáforo e houve uma repercussão muito positiva quando estávamos panfletando”, disse Emerson.
A assistente social sugere que a secretaria invista em: acionar rede socioassistencial do estado, conhecer os indivíduos que estão nessas condições, divulgar os números para denúncias e que “sobretudo não haja criminalização das famílias que estão nas ruas”.
“Se o problema é complexo exige uma ação pensada de forma estrutural. Muitos mais do que ‘não dê esmolas’. Para tirar essas crianças das ruas o estado precisa oferecer projetos e subsídios para que elas possam estudar e brincar”, diz.
Emerson informou também que a campanha foi um “teste” para debate público sobre o assunto que deve ocorrer na Assembleia Legislativa do Amazonas no dia 14 de outubro. Ele é secretário executivo se Direitos da Criança e Adolescente, da Secretaria de Justiça, Direitos e Cidadania. A titular da pasta, Mirtes Salles, não respondeu as perguntas da reportagem.