Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – A dificuldade no recebimento de combustível para abastecer a usina termelétrica do município São Gabriel da Cachoeira (a 835 quilômetros de Manaus), no extremo noroeste do Amazonas, obrigou o racionamento dos serviços na cidade. A cada seis horas, um conjunto de bairros fica sem energia. Comerciantes apontam prejuízos.
“Todos os frios estão descongelado, as carnes estão estragando e já até queimou um freezer”, disse Albani jimenez, que tem um mercadinho.
De acordo com comerciantes, o racionamento ocorre há uma semana. Nesta terça-feira (17), dois conjuntos de bairros fazem revezamento. O primeiro grupo ficou sem energia de meia-noite até às 6h. O segundo está sem energia desde às 6h01, e ficará sem os serviços até às 11h59.
Diferente de cidades de outros estados brasileiros, que são interligadas ao SIN (Sistema Interligado Nacional), a maioria dos municípios amazonenses ainda usa usina termelétrica para gerar energia elétrica. O transporte do combustível que abastece essas usinas é feito por embarcações.
No período de estiagem, que tem feito o Rio Negro atingir baixos níveis de profundidade, os barcos que transportam o combustível enfrentam dificuldades para chegar até o destino. No caso de São Gabriel da Cachoeira, não há estradas que interliguem o município a outras cidades. Somente embarcações e aeronaves conseguem levar cargas à cidade.
O terminal portuário de São Gabriel da Cachoeira com capacidade de receber grandes embarcações fica localizado a 16 quilômetros, em linha reta, da cidade, descendo o Rio Negro. Com a descida do rio, as embarcações não conseguem chegar a esse ponto. Acima dele, a grande quantidade de pedras no rio impede a navegação.
Com a seca, surgem os bancos de areia, e os riscos de acidentes com embarcações aumentam.
Em São Gabriel da Cachoeira, a usina termelétrica é de propriedade da empresa VP Flexgen, que fornece a energia para a Amazonas Energia.
Segundo a concessionária, no domingo (15), a VP Flexgen comunicou que “adotou as medida necessárias junto ao fornecedor de combustível, mas que o agravamento dos efeitos da estiagem afetaram de forma severa as operações, em função das dificuldades de navegação e logística do transporte pelo Rio Negro”.
A concessionária comunicou que as regiões de atuação dos órgãos e instituições de serviços essenciais não terão os serviços suspensos.
No dia 10 deste mês, o diretor de Relações Institucionais da concessionária, Radyr Gomes de Oliveira, afirmou que não havia risco de problema com geração de energia para o Estado, mesmo com os efeitos da seca severa. Ele disse que foi dedicada atenção especial para as áreas de fronteira, de segurança nacional.
Leia mais: Seca: Amazonas Energia garante produção até novembro no interior
A reportagem solicitou mais informações da Amazonas Energia, mas até a publicação desta matéria nenhuma resposta foi enviada.