A frase foi dita na convenção da coligação liderada pelo candidato do PMDB ao governo do Amazonas, Eduardo Braga, nesta segunda-feira
O ex-prefeito de Manaus e ex-governador do Amazonas Amazonino Mendes (PDT) exaltou as qualidades do candidato do PT ao Senado, Francisco Praciano, que vai disputar a eleição na coligação liderada pelo PMDB, do senador Eduardo Braga, e disse que vai votar pela primeira vez na vida no PT. Amazonino lidera o PDT, que também está na coligação, que agrega 11 partidos, mas não vai disputar nenhum cargo. Ele esteve na noite desta segunda-feira na convenção da coligação, em um clube da zona norte de Manaus. Ao falar de Praciano, Amazonino afirmou que “essa mão já foi algumas vezes na urna e votou em branco” e disse que esse é um segredo que guardava. “Hoje, não dou nome aos bois, mas digo que essa mão é danada. Ela não se entrega, não. Mas se eu tivesse 1 milhão de votos, eu daria esse 1 milhão de votos ao Praciano”, afirmou.
Amazonino disse que apoia o candidato do PT “não apenas pela sua qualidade pessoal, pela sua grandeza e retidão. É um homem respeitado em todo o país. Respeitado pelos próprios partidos, repeitado pelos parceiros. Um homem despido, totalmente despido de ganância. Um homem claro, luminoso. Só isso já justificaria a mão sufragá-lo. Mas ele hoje é além disso. Hoje ele vai além. O Praciano é a garantia que nós temos na tribuna do Senado Federal de uma voz firme, qualificada, intelectualizada, independente e forte que defenda esse povo”.
O ex-governador afirmou que Praciano no Senado não seria fruto do cambalacho político, e lembrou que “ele e seus companheiros do PT estão travando uma luta surda, que os poderosos estão por trás, querendo sabotar a candidatura dele”. Amazonino se referia à tentativa do PSD, do ex-governador Omar Aziz, forçar a executiva nacional do PT a fazer uma intervenção no Amazonas para cancelar a candidatura do partido ao Senado. No dia 26 deste mês, a executiva nacional, a partido do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, publicou uma resolução em que dizia que o PT não teria candidato ao Senado no Amazonas e determinando que Praciano não aceitasse a indicação. “Estão com medo da eleição do Praciano, estão apavorados com a eleição do Praciano”, disse Amazonino.
Praciano sempre foi um crítico da gestão de Amazonino Mendes, tanto no governo quanto na Prefeitura de Manaus. É dele, por exemplo, a representação que resultou em processo na Justiça contra a venda da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), com a consequente concessão do serviço de abastecimento de água e esgoto à iniciativa privada.
Sobre Eduardo Braga
Amazonino também justificou o apoio dele à candidatura de Eduardo Braga ao Governo do Amazonas. Disse que conhece os dois lados, referindo-se à candidatura de José Melo (Pros), e, como um pai, sabe os trejeitos de todos os filhos, o que o fez optar por Braga por entender que ele reúne as melhores condições para governar. “Essa turma toda possou aqui por essa mão. Conheço todos. É como um pai, que fica analisando cada filho (…). Nada impedia, se eu tivesse convencimento, de estar no outro palanque, nada. Todos passaram por aqui. Mas, meus irmãos, eu não aguento mais ver meus hospitais vazios. Eu não aguento mais a mordaça que colocaram nas informações. Eu não aguento mais tanta inverdade aparecer como o triunfo de coisas boas. É preciso, urgente, chamar o cavaleiro”, disse.
Amazonino lembrou do tempo em que conheceu Braga e fez um breve apanhado da trajetória política do senador, como vereador, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa, deputado federal, prefeito, governador e Senador.
Presidente do PMDB
O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), participou da convenção de Eduardo Braga e disse que o Senador vai vencer a eleição no primeiro turno. Desde que o Brasil passou a disputar eleições em dois turnos, nunca na história política do Amazonas a disputa ao governo do Estado foi para o segundo turno.
O líder do PMDB também elogiou a candidatura de Praciano ao Senado e o nome de Rebecca Garcia (PP) como vice-governadora na chapa de Eduardo Braga.
O discurso de Braga
O senador Eduardo Braga, cuja campanha será calcada no slogan “Volta Dudu” repetiu o discurso que já vinha fazendo nos eventos políticos e mais uma vez demonstrou que irá fazer uma campanha casada com o PT nacional voltada para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Ele lembrou programas sociais do governo federal e da parceria que ele fez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde 2003 que, segundo ele, resultaram em programas sociais que beneficiaram o povo do Amazonas. Lembrou, também, que na gestão de Lula os incentivos da Zona Franca de Manaus foram prorrogados por 10 anos e que, agora, no governo Dilma, deverão ser prorrogados por mais 50 anos.
Braga retribuiu os elogios de Amazonino Mendes, e também exaltou a trajetória de seu padrinho político, lembrando feitos do governo dele, como a criação da Universidade do Estado do Amazonas. “E hoje o Amazonino Mendes veio aqui, com a sua experiência, independentemente das nossas divergências, independentemente das nossas lutas, que sempre foram para fazer mais pelo povo, dizer aqui do seu testemunho, da sua experiência e do seu entusiasmo em torno da luta que se inicia”.
Braga também disse que muitos não acreditavam que o grupo dele não formaria uma grande aliança e creditou esse feito ao fato, segundo ele, de Deus e o povo estarem do seu lado. “Muitos apostaram que o poder poderia nos isolar”, afirmou. O PMDB conseguiu a adesão de dez partidos e terá o maior tempo de televisão e rádio na propaganda eleitoral gratuita, apesar de o grupo de José Melo congregar maior número de legendas. São 16 partidos no grupo liderado pelo governador.