Alex Sabino e Klaus Richmond, da Folhapress
SÃO PAULO E SANTOS, SP – O presidente do Santos, Andres Rueda, 64, já tem uma resposta pronta para quem lhe pergunta sobre o futuro técnico do clube: “só nos preocupa essa tal de ansiedade agora”.
A fala do dirigente sinaliza que não haverá pressa para definir o substituto de Cuca, que avisou na última semana a decisão pelo fim do ciclo de pouco mais de seis meses à frente do time. O contrato do treinador se encerra após a última rodada do Campeonato Brasileiro, dia 25.
Cuca e Santos viviam um roteiro que remetia a um filme de sucesso devido à ascensão improvável que terminou na final da Copa Libertadores, quando o clube acabou derrotado pelo Palmeiras, já nos acréscimos, no último dia 30, no Maracanã.
“A nossa ideia inicial era continuar, mas o Cuca já nos externou que pretende dar uma descansada. Agora, estamos em processo de avaliação no mercado para ver quem se encaixa no perfil. O novo técnico precisa gostar de jogar para frente, tem que olhar para a base e, principalmente, entender a situação financeira. Estamos punidos pela Fifa, não vamos sair contratando, isso tem que ficar bem claro”, disse Rueda à reportagem.
Neste sábado (13), diante do Coritiba, às 19h, na Vila Belmiro, em jogo válido pela 35ª rodada, o time põe a prova a fama de que sempre consegue se reconstruir. O Santos ainda terá Cuca no banco e uma espécie de missão de honra antes do desfecho da terceira passagem como treinador pelo clube.
O compromisso diante dos paranaenses abre uma série de três jogos consecutivos como mandante. Depois do Coritiba, o clube ainda recebe o Corinthians (17) e o Fluminense (21). A despedida do Brasileiro ocorre diante do Bahia, no próximo dia 25, na Arena Fonte Nova.
Se reerguer, no entanto, não será missão tão fácil dessa vez. Além da final histórica perdida, o time não vence há cinco jogos na competição nacional. A última vitória foi contra o já rebaixado Botafogo por 2 a 1, em 17 de janeiro. Desde então, derrotas para Fortaleza, Goiás e Atlético-MG, além de empates com Grêmio e Atlético-GO.
“Não acredito que essa indefinição vai atrapalhar [o desempenho do time]. Não falamos em nomes, só trabalhamos internamente. Vemos um grupo de jogadores bem unidos, temos a certeza de que tudo o que for possível será feito. A nossa preocupação, como sempre digo, é com a ansiedade”, explica Rueda.
O clube espera que até o oitavo colocado no Brasileiro possa se classificar à fase classificatória da Libertadores, projeção condicionada à manutenção do Palmeiras, campeão da última edição, e do Grêmio, finalista da Copa do Brasil, no G8 da competição. Mesmo assim, ainda está a dois pontos do Corinthians, atual oitavo, com 49 pontos.
Na quinta-feira, 11, Rueda, o vice-presidente José Carlos de Oliveira e José Renato Quaresma, principal elo entre diretoria e elenco no Comitê Gestor do clube, se reuniram com alguns dos jogadores e pediram paciência para reverter uma antiga realidade incômoda do clube: a de que, do ponto de vista salarial, um mês pode durar 60 dias.
Rueda afirmou que a realidade não será transformada repentinamente. “Eu acho que o nosso elenco tem o direito de saber a situação financeira do clube. Fui até eles, expliquei como estávamos, trocamos ideias, fizemos um contato de aproximação”, conta. O salário de janeiro, que deveria ter sido pago no último dia 5, ainda não foi quitado pelo clube.