Do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – Ao confirmar e selar o acordo que tornou o Cruzeiro a primeira SAF revendida no futebol brasileiro, Ronaldo Fenômeno se prepara para negociar a participação no Real Valladolid. Na coletiva de anúncio do negócio com o empresário Pedro Lourenço, o ex-jogador anunciou que o clube espanhol “é o próximo”. Ronaldo tem 72% das ações do clube europeu.
Inicialmente, o brasileiro detinha 51% do montante, comprados em 2018, por 30 milhões de euros (R$ 160 milhões, na cotação atual) Outros 21% foram negociados posteriormente. “Eu vou tirar esse restinho de vida sabático”, disse Ronaldo na segunda-feira para justificar a intenção de venda do Valladolid. A expectativa é que a venda dos 72% pertencentes a Ronaldo rendam 100 milhões de euros.
A passagem de Ronaldo pelo clube tem altos e baixos. A relação com a torcida, após uma breve euforia inicial, tem sido tensa. O Valladolid foi rebaixado na temporada 2020/21, subiu no ano seguinte, mas voltou a cair em 2022/23.
A situação em campo pressionou as finanças do clube. Os torcedores perderam a paciência, e a cobrança por investimentos piorou ainda mais a imagem de Ronaldo entre torcedores. Protestos o chamavam de mentiroso e questionavam o gestor: “Cadê o dinheiro?”.
Na época, Ronaldo garantiu que não venderia o clube “até que o tenha deixado no lugar onde queria deixar”. Atualmente, a equipe está prestes a conseguir o acesso para a primeira divisão do Campeonato Espanhol. Ainda há chances de título da Segunda Divisão.
Entretanto, ainda que a venda tenha se tornado assunto novamente após o negócio do Cruzeiro, a intenção já era conhecida na primeira metade da atual temporada, quando a situação do clube espanhol ainda não estava definida quanto ao retorno à elite.
Um episódio que exemplifica a relação ruim de Ronaldo com os torcedores foi a mudança no escudo da equipe. Assim que assumiu o clube espanhol, o brasileiro disse que o símbolo do time estava ultrapassado e precisava de uma “cara” mais moderna e jovial. A mudança veio e revoltou torcedores. Em um plebiscito para definir se a o novo escudo permaneceria ou não, o antigo venceu com 88,15% dos votos.
Recentemente, Ronaldo disse receber ataques por mensagens e redes sociais por parte de torcedores do Valladolid. As ofensas contribuíram para a amadurecer ainda mais a ideia de venda. Segundo o jornal espanhol “Marca”, o negócio só não foi feito ainda antes da atual temporada devido ao rebaixamento. O novo acesso à LaLiga deve elevar o preço do Valladolid. É difícil, contudo, que o apelo esportivo seja motivador para um novo negócio.