Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – A Prefeitura de Rio Preto da Eva (a 78 km de Manaus) cancelou as festividades de fim de ano. A programação, prevista para ocorrer entre os dias 30 de dezembro e 2 de janeiro, incluia a Feira Agropecuária Familiar e o Réveillon, com participações de atrações nacionais – Léo Magalhães e Joelma.
Os shows do dia 2 de janeiro, de Tom Cléber e Guto Lima foram confirmados pelo prefeito Anderson Sousa (Progressista), com o argumento que os artistas já estavam pagos pelos patrocinadores. Sousa também argumentou que o evento será realizado na praia, reunindo geralmente entre 3 e 5 mil pessoas, que se espalham pela orla.
Também foi revogado o decreto municipal anunciado em 16 de novembro, que desobrigava o uso de máscaras na cidade.
Os contratos com Léo Magalhães e Joelma foram ajusados para que estejam presentes na comemoração do aniversário da cidade, entre 30 de março e 3 de abril de 2022.
De acordo com Anderson Sousa para atender ao decreto do Governo do Amazonas, que limita a 3 mil pessoas o público máximo em eventos públicos e privados, e os números de vacinados em Rio Preto, os eventos previstos entre os dias 30 de dezembro e 1º de janeiro foram cancelados.
Ele apelou à população para que procure se vacinar, para que a cidade atinja um percentual de imunização que possibilite a realização de festividades futuras. “Para aglomerar, precisa vacinar. Se não fizermos isso, teremos dificuldade em realizar os eventos na cidade”, disse.
No anúncio do cancelamento, Anderson afirmou que a cidade aparece com 48,2% de vacinados com a primeira dose. “Em função desses números, estamos cancelando as festas”.
Ele discordou das informações oficiais e citou seu caso e do presidente da CMRPE (Câmara Municipal de Rio Preto da Eva), Aurélio Nogueira, como pessoas que tomaram a primeira dose em Manaus, a segunda em Rio Preto da Eva, e que aparecem nas estatísticas da capital e não do muncípio.
“Aparece meu nome como se a vacina tivesse acontecido em Manaus. Quando você abre o sistema nacional aparece que tomei a dose em Manaus. Nosso sistema vai ficando defasado e vamos ficando vulnerável para fazer nossos eventos. O mesmo aconteceu com o Aurélio”, disse.
Rio Preto da Eva registrou, até 22 de dezembro, 4.897 casos de Covid-19, com 85 mortes. Em 2020 a doença matou 24 pessoas na cidade. Neste ano, o número de mortos subiu para 61. Em janeiro de 2021, quando o Estado passou pelo pico da doença, foram 19 mortos no município.
Apesar de ter reconhecido que o decreto do governo do Estado pesou na decisão do cancelamento dos eventos de fim de ano, o prefeito criticou a decisão.
“Eu poderia ir contra o decreto do governador. Porque o Supremo já me deu autoridade, aos prefeitos, de cada prefeito discutir a sua estratégia no seu município e dizer se é viável realizar ou não seu evento”, argumentou.
“Não queremos aqui estar discutindo os motivos que levou (sic) o governador a fazer o decreto”, disse o prefeito, lembrando que antes do decreto ocorreram dois grandes shows em Manaus, na Arena da Amazônia, com Gustavo Lima e Whindersson Nunes. Os dois eventos, segundo Anderson tiveram “mais de 100 mil pessoas” presentes.
Ao anunciar a revogação do decreto municipal que tornou o uso de máscaras na cidade não obrigatório, Anderson culpou a imprensa pelo recuo.
“Eu fico sem moral junto a imprensa para fazer as mudanças que eu pretendo fazer. Quando eu quero implantar ‘não vamos usar máscaras’ eu começo a ser criticado pela imprensa, que quer ver o couro, quer detonar, quer criar mal estar entre mim e a população”, reclamou. “A imprensa começa a bater, achando que eu sou candidato”.