
Do ATUAL
MANAUS – A tensão aumentou entre os trabalhadores do transporte especial a seis dias da eleição da diretoria do Sindespecial (Sindicato dos Transportes Especiais), marcada para a próxima terça-feira (22). Na manhã desta quarta-feira (16), apoiadores das duas chapas que disputam o pleito trocaram acusações e insultos em frente à sede do sindicato, no bairro Petrópolis, zona sul de Manaus.
A disputa eleitoral envolve a Chapa 1, encabeçada por William Enock e Gabriel Enock — ambos destituídos da diretoria após a Justiça do Trabalho anular a reeleição deles em 2022 por irregularidades no processo — e a Chapa 2, formada por Josildo Oliveira, ex-presidente do Sindicato dos Rodoviários, e Willace Garcia.
Os ânimos se exaltaram logo nas primeiras horas do dia, quando apoiadores de Josildo ocuparam as dependências do sindicato e o grupo ligado a William realizou um protesto do lado de fora. Os manifestantes criticavam o que chamaram de tentativa de “legalização” de Josildo como membro da categoria, em referência à convocação de uma assembleia geral extraordinária que acabou cancelada.
A assembleia havia sido convocada pelo presidente da Junta Governativa do sindicato, Anderson Avelino Moraes, para deliberar sobre o retorno de Josildo ao quadro associativo do sindicato. O cancelamento foi justificado pela paralisação do transporte coletivo em Manaus, que reduziu a circulação de ônibus na cidade. No entanto, o aviso de cancelamento só foi publicado na manhã desta quarta-feira, em jornal de grande circulação.
Troca de acusações
Durante o confronto verbal, William Enock acusou Josildo de tentar aplicar um “golpe” para assumir a presidência do sindicato. Ele afirmou que o adversário “não pertence à categoria dos trabalhadores do transporte especial” e estaria interessado apenas “em comandar o dinheiro do sindicato”.
“Ninguém quer ele [Josildo] aqui. Estão distribuindo camisas para rodoviários com dinheiro do auxílio-saúde, que deveria ser destinado a benefícios da nossa categoria”, disse William.
Josildo rebateu as acusações e disse que os adversários recorrem a mentiras para deslegitimar a candidatura dele. “Esse grupo que estava no sindicato é um grupo de covardes e de mentirosos. Eles estão doidos, estão loucos. Sabem que vão perder. Está aqui provado que temos a maioria”, afirmou Josildo.
Josildo também negou que a assembleia tivesse como objetivo regularizar sua situação para a disputa eleitoral. “Eles acham que eu estava pedindo uma assembleia para garantir meus direitos políticos. Eu não preciso disso, a Justiça já me reconheceu. Eles estão desesperados”, disse.
Disputa judicial
A eleição ocorre em meio a uma intensa disputa judicial iniciada com a anulação da eleição realizada em julho de 2022, que havia reconduzido William e Gabriel à presidência do sindicato até 2026. A Justiça do Trabalho anulou o pleito por diversas irregularidades, incluindo indícios de falsificação de assinaturas.
O TRT11 (Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região) determinou a realização de nova eleição e nomeou uma junta governativa, presidida por Anderson Avelino Moraes, para conduzir o processo. A votação será realizada por 3,4 mil trabalhadores do transporte especial, com 23 urnas instaladas nas garagens das empresas.
Durante o processo, a Comissão Eleitoral chegou a declarar a Chapa 1 inelegível. A decisão, no entanto, foi revertida pelo juiz Gustavo Gazzola Barella, que autorizou William e Gabriel a concorrerem, por considerar que a exclusão poderia “comprometer a integridade do pleito”.