Do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O Flamengo continua testando os nervos de seu torcedor. Após ganhar do Criciúma, por 2 a 1, com gol aos 44 minutos do segundo tempo, no fim de semana, repetiu a dose nesta quarta-feira, salvo mais uma vez por um reserva. Diante dos catarinenses, Gabigol saiu do banco para garantir a virada. Desta vez, Carlinhos entrou e definiu os 2 a 1 na casa do Vitória, também no penúltimo minuto regulamentar.
O resultado recoloca o Flamengo de vez na briga pela liderança. O Botafogo apenas empatou e foi aos 40 pontos, enquanto o time rubro-negro chegou aos 37, com um jogo a menos que os rivais, pois teve o embate com o Inter adiado. O Palmeiras é o outro candidato ao título bem na briga.
Como fez nas últimas rodadas, o Flamengo mais uma vez jogou sem vontade e com enorme lentidão. A aposta de que com os jogadores que estavam na Copa América, o futebol vistoso voltaria, não se concretizou. Ao menos, a estrela de Tite continua brilhando e os gols no fim estão sendo decisivos.
Realizando jogos decepcionantes nas últimas rodadas, nas quais somou quatro pontos contra Fortaleza (derrotado por 2 a 1), Cuiabá (1 a 1) e Criciúma (sofrida vitórias por 2 a 1), o Flamengo foi ao Barradão necessitando jogar melhor, ganhar e agradar em sua briga pelo título com Botafogo e Palmeiras.
Sem espaço para tropeço, sobretudo encarando um rival na zona de rebaixamento, o Flamengo tomou a iniciativa em Salvador. Queria sair em vantagem depressa para diminuir a empolgação da torcida adversária. Os cariocas apostavam em seu quinteto de astros, com Gerson, De la Cruz, Arrascaeta, Cebolinha e Pedro em campo.
Mas a morosidade apresentada diante do Criciúma na rodada passada se repetiu em Salvador. O Flamengo até atuava no campo ofensivo, mas os passes eram curtos, sem objetividade, e a equipe não criava oportunidades para anotar o gol.
Pedro sequer pegava na bola e os meias careciam de noite inspirada em criatividade. O Vitória, por outro lado, começou a crescer de rendimento e a ameaçar o gol de Rossi. Marcava bem e investia em ‘chuveirinhos’ para tentar um desvio de cabeça. Matheusinho assustou em batida rasteira.
O Vitória se empolgou e acabou deixando espaços ao contragolpe. Pagou caro. Aos 38 minutos, a jogada individual apareceu. Gerson achou Arrascaeta livre na esquerda, o uruguaio cortou a marcação para dentro e bateu com raiva, abrindo o marcador e dando alívio aos visitantes, em mais uma etapa pragmática e sem graça da equipe.
Confiantes dos 11 escolhidos, os técnicos optaram pela manutenção das escalações. Tite acreditava em ampliação do placar por paz na partida e Thiago Carpini apostava em reação após sua equipe crescer na reta final da etapa inaugural.
Fabrício Bruno até ampliou, com cinco minutos. O VAR, contudo, anulou o gol do zagueiro após bola mal afastada da defesa. Arrascaeta escorregou na cobrança do escanteio e deu dois toques na bola, invalidando a jogada. A pressão da torcida se fez valer.
O começo da etapa prometia mais intensidade. Ocorre que o gol anulado do Flamengo e a carência do elenco do Vitória esfriaram as ações no Barradão. No desespero, o time da casa pouco finalizava e, ainda assim, sem força nem precisão. E os cariocas pareciam mais dispostos a não ser vazados do que ampliar.
A partida virou “pelada”. William Oliveira mandou a oportunidade de ouro nas alturas. Na pequena área, sozinho. O lance irritou Tite, que resolveu mexer no setor ofensivo para “chacoalhar” seus comandados. Com ousadia, tirou um volante, De La Cruz, e o artilheiro Pedro para colocar duas peças ofensivas.
No primeiro tempo, o Flamengo abriu o placar em rápido contragolpe após o Vitória perder o gol. Os papéis se inverteram na etapa final. Aos 29 minutos, Lucas Arcanjo salvou com duas defesas seguidas e viu sua equipe encaixar um contra-ataque mortal. Matheusinho lançou Zé Hugo, que serviu Everaldo. O atacante dominou e bateu rasteiro para empatar.
Tite abriu de vez o Flamengo e viu sua estrela brilhar. Aos 44 minutos, Gabigol serviu Carlinhos, que protegeu a bola e bateu na saída de Lucas Arcanjo para salvar um noite que podia ser trágica aos visitantes.
Vitória – Lucas Arcanjo; Willean Lepo (Jean Mota), Caio Vinícius, Wagner Leonardo e Lucas Esteves (PK); Willian Oliveira, Ricardo Ryller (Zé Hugo), Léo Naldi e Matheusinho; Osvaldo (Everaldo) e Alerrandro (Lawan). Técnico: Thiago Carpini
Flamengo – Rossi; Varela, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Viña (Ayrton Lucas); Allan (Matheus Gonçalves), De la Cruz (Luiz Araújo) e Arrascaeta; Gerson, Everton Cebolinha (Carlinhos) e Pedro (Gabigol). Técnico: Tite.