Da Redação
MANAUS – A falta de professores e de alunos inviabiliza a reposição de aulas aos sábados no ensino de jovens e adultos, constatou o MP-AM (Ministério Público do Amazonas) ao inspecionar o Centro de Educação de Jovens e Adultos Jacira Caboclo para cumprimento de acordo com os sindicatos dos trabalhadores, nesse sábado, 6.
O calendário de reposição vai definido para garantir o cumprimento dos dias de aula no ano letivo, perdidos com a greve de 27 dias em maio deste ano. Na fiscalização, o MP escolhe um colégio aleatoriamente.
Dos 33 professores que deveriam estar dando aulas pela manhã, apenas 21 estavam presentes. A supervisora pedagógica da escola informou que alguns professores estão de licença médica, mas não soube dizer porque a Seduc (Secretaria de Educação) não disponibilizou outro profissional no lugar desses de licença. Outros professores haviam faltado mesmo, dos quais os nomes são enviados, via online, para a Secretaria.
Também foi registrado alto índice de faltas dos alunos. Algumas salas tinham professor, mas sem estudantes. Ouvidos pela promotora Delisa Olívia Vieiralves Ferreira, os professores disseram que o comparecimento dos estudantes em dias de sábado é o menor possível. Eles alegam que os compromissos, tanto no trabalho quanto na família, considerando que são adultos, em boa parte em idade bem acima da faixa etária do estudo regular, são os principais motivos do baixíssimo comparecimento às salas de aula nos dias de sábado. “Eu não consigo avançar o ensino porque eles faltam muito. A realidade é que os alunos não querem vir nos dias de sábado”, disse uma das professoras.
O MP não constatou denúncia sobre venda de material didático. Foi identificado que os professores disponibilizam apostilas com conteúdo suplementar, mas que a compra não é obrigatória. Os próprios alunos é que providenciam as cópias do material.
Delisa Olívia disse que foi comprovado o uso de material didático inadequado para o ensino de jovens e adultos. Os professores estão usando livros do ensino regular ao invés de material destinado, especialmente para o ensino de jovens e adultos (EJA). A alegação da pedagoga da escola foi de que a Seduc não envia material exclusivo para EJA desde 2015.
O CEJA tem, matriculados, cerca de 798 alunos nos turnos matutino e vespertino. O do turno da noite, em torno de 361 anos, frequentam as aulas no Colégio Brasileiro, localizado na rua 10 de Julho (Centro).
“É provável que seja instaurado outro procedimento pra apurar o material didático utilizado na Educação de Jovens e Adultos, pois se constatou que são utilizados livros do ensino regular e os professores alegam que não são adequados”, disse Delisa Olívia.