Da Redação
MANAUS – A falta de oxigênio em Manaus, em janeiro deste ano, que levou à morte dezenas de pessoas contaminadas por Covid-19, deve ser incluído no relatório final da CPI do Senado como “crime de genocídio”. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a comissão estuda responsabilizar o governo federal por crimes contra a humanidade.
“Estamos estudando sobre a específica utilização do crime de genocídio com relação aos indígenas e até eventualmente com relação ao que ocorreu lá em Manaus, no estado do Amazonas”, disse Renan durante videoconferência com advogados, na sexta-feira (17).
A falta de oxigênio em Manaus provocou comoção nacional e internacional, com a mobilização de artistas e empresas para doação do produto para pacientes da capital amazonense.
A CPI também possui documentos do Ministério da Saúde que mostram que remédios sem eficácia comprovada contra a doença foram distribuídos em aldeias indígenas, fato que também reforça a tese de genocídio, de acordo com o relator.
Em Manaus, foi distribuído com orientação do ministério o chamado “kit Covid” para tratamento precoce contra a Covid-19, durante a segunda onda da doença na capital. A medicação não teve qualquer eficácia prometida pelos gestores da Saúde.
Renan afirmou que há material “farto” e “comprobatório” que enquadram o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em crimes de responsabilidade, contra a saúde e contra a humanidade, além de “crimes comuns”.
O material deve ser encaminhado ao Tribunal Penal Internacional. Renan pretende apresentar o relatório conclusivo da CPI na semana que vem.