Por Sylvia Colombo, da Folhapress
BUENOS AIRES-ARGENTINA – O regime do ditador Nicolás Maduro negou na noite dessa segunda-feira, 9, ter envolvimento com insurgentes colombianos e afirmou que novas acusações publicadas na imprensa do país vizinho são uma desculpa para justificar uma intervenção militar contra Caracas. O ministro de Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez, classificou de fake news os documentos divulgados pela revista Semana na última semana.
Os papéis mostram que Maduro não apenas tem conhecimento da presença em território venezuelano de guerrilheiros do ELN (Exército de Libertação Nacional) e de dissidentes das antigas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, desmobilizadas em 2016), como também fornece apoio a eles.
“A Colômbia é um dos maiores produtores de cocaína e de uma enorme violência que transcende suas fronteiras nas últimas décadas. Desde que Iván Duque assumiu a Presidência, foram mortos mais de 600 líderes sociais”, afirmou Rodríguez em seu discurso.
O número de mortes citado pelo ministro bate com estimativas feitas por ativistas e grupos de defesa dos direitos humanos. Líderes sociais são voluntários que atuam na tentativa de integrar os ex-combatentes à sociedade e ao mesmo tempo proteger comunidades dos ataques de inimigos das antigas Farc.
Como os ex-combatentes entregaram as armas, viraram alvo fácil de facções criminosas conhecidas como ‘bacrim’, que são inimigas históricas da antiga guerrilha. Para Rodríguez, a real intenção do governo Duque é “preparar o terreno para iniciar uma intervenção militar contra a Venezuela”.
O venezuelano também acusou o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, padrinho político de Duque, de ‘gritar aos quatro ventos’ que é preciso entrar em território venezuelano, com a desculpa de ir atrás dos insurgentes, mas com a real intenção de tirar Maduro do poder.
Segundo Rodríguez, Maduro anunciou que realizaria reuniões ao longo desta semana para encontrar uma uma maneira de responder aos ataques e críticas do país vizinho. “A Venezuela tem de defender a verdade de sua democracia, de sua constitucionalidade, de sua soberania, de seu direito à paz”, disse o ministro.
Já o governo colombiano afirmou que os documentos divulgados pela revista serão acrescentados a uma denúncia que já foi entregue ao Tribunal Penal Internacional em Haia (Holanda), na qual Bogotá acusa a ditadura venezuelana de dar abrigo a grupos criminosos. Um dos documentos vazados é assinado pelo almirante venezuelano Remigio Ceballos.
Nos papéis, ele pede a seus comandados que deem apoio logístico e ajudem a fornecer alimentos para os acampamentos dos insurgentes colombianos, além de auxiliá-los em seus treinamentos.