Por Alessandra Taveira e da Redação
MANAUS – “Olá, tudo bem. Lembra de mim?”, indagou Caroline Padinha, 33, a Wanderlan Menezes, em um contato pelo Instagram. Wanderlan não só lembrava como reencontrou pessoalmente a amiga de infância e, surpresa, anos depois engataram um namoro que está prestes a virar casamento. Para concretizar o desejo da união, os noivos adoçam a relação com trufas que vendem para obter o dinheiro e bancar os custos da festa do matrimônio.
A venda de trufas em Manaus foi uma opção ao desemprego que, ao contrário de gerar um conflito na vida a dois, reforçou os laços de amor. Carol, como prefere ser chamada, e Wanderlan vendem, em média, R$ 250 em trufas por dia, dinheiro que banca a pensão dos filhos de cada um, nascidos de parceiros antes do novo relacionamento. Ambos são divorciados do primeiro casamento.
Carol e Wanderlan estão há nove meses junto e há três em noivado. O casamento está previsto para a última semana de dezembro deste ano. A união é tão estável que os dois trabalham com a venda juntos e Carol usa véu branco, não só como item de marketing, mas para deixar claro a intenção do trabalho.
“A gente conseguiu fazer bons amigos durante esse processo de vendas. As pessoas que ainda acreditam no amor se sensibilizam com a causa, e a relação que temos com os clientes deixa de ser estritamente comercial e passa a ser, de fato, de amizade”, disse Wanderlan.
O oferecimento dos doces aos consumidores é acompanhado do pouco da história do casal, que sensibiliza os compradores. Carol tentou carreira na moda como modelo fotográfico de marcas e chegou a trabalhar no Sul do país. Wanderlan buscou a carreira profissional na música em um grupo de pagode. Mas foi a rede social e a amizade de infância que uniu os dois.
“Eu lembrei que era aniversário dele. E, nesse dia, uns amigos que a gente têm em comum publicaram uma foto parabenizando ele. Aproveitei a oportunidade e o chamei na dm (direct message) para desejar felicidades e já puxar um papo, claro, né!”, lembra Carol, ao ver a foto de Wanderlan no Instagram.
“Olha nos meus olhos. Sem você não sei viver. Jamais pensei amar assim. Não tenho mais palavras para dizer, meu bem… Você nasceu pra mim”, canta Wanderlan para a noiva, relembrando, um tanto tímido, a época de pagodeiro. “Tem gente que desacredita do amor e tenta desanimar a gente”, diz Carol.
Carol tem um filho de 9 anos, que mora com o pai, e Wanderlan tem dois filhos que vivem com a mãe. Eles não falam em um novo bebê. Todas as atenções estão voltadas para a aliança, agora, possivelmente eterna. Eles são evangélicos e querem consolidar a união perante Deus.
E graças às trufas, os preparativos para o casamento já estão prontos. Local, lista de presentes e de convidados já foram elaboradas. A receita com o trabalho já cobre as despesas da cerimônia. “Uma é R$ 2, três é R$ 5”, diz Carol, no ponto de venda em frente a uma panificadora próximo ao Cruzeiro, na Cidade Nova, zona norte de Manaus. Os sabores variam entre os tradicionais coco, castanha e chocolate. Há também as de nutella e leite ninho.
Com trabalho duro e declarações de amor, Carol e Wanderlan cantam e encantam a vida um do outro. Quis o destino, e o bendito Instagram, que os amigos de infância se tornassem, no futuro, marido e mulher.
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