Da Redação
MANAUS – Em depoimento à Justiça Federal, na manhã desta terça-feira, em Manaus, a enfermeira Jennifer Nayiara Youchabel, ré na Operação Maus Caminhos, disse que provas do esquema de fraudes na saúde pública do Amazonas foram destruídas e que o médico Mouhamad Moustafa, considerado o líder da quadrilha, andava armado para coagir funcionários e que ele pagava as prestações de um apartamento do filho do ex-secretário de Saúde do Amazonas, Pedro Elias.
Jennifer, presa na operação em setembro de 2016 no governo de José Melo, fez delação premiada. O esquema desviou mais de 150 milhões utilizando o INC (Instituto Novos Caminhos), que tinha contratos com o governo do Estado para gestão de unidades de saúde.
Jennifer Youchabel foi presidente do INC que, na época, subcontratou as empresas Salvare, Total Saúde e Sociedade Integrada Médica do Amazonas Ltda (Simea), todas envolvidas no esquema, segundo o MPF (Ministério Público Federal). Os contratos com as empresas foram encerrados após a descoberta das fraudes.
A enfermeira declarou que discos rígidos de computadores e documentos foram destruídos para não ligar as empresas a Mouhamad Moustafa. Segundo ela, outros documentos foram trocados para confundir os investigadores. A ocultação de provas ocorreu logo após a visita de técnicos da CGU (Controladoria Geral da União) dias antes da operação, disse Jennifer. Ela afirmou que os contratos eram superfaturados e o dinheiro a mais era destinado a Mouhamad, que chegou a ser preso e foi solto em agosto deste ano para responder o processo em liberdade.