SÃO PAULO – O Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão e isso gera consequências até hoje. Engana-se quem pensa que vivemos num país onde a igualdade racial existe, já que mais que atitudes discriminatórias, o racismo aqui age também de forma sistêmica e estrutural desde quando os portugueses chegaram. A nossa geração acredita viver uma época de muita informação onde seria impossível ser testemunha ocular de racismo na mídia ou na propaganda da TV. Quem imaginaria que em meio a tanta luta por igualdade racial, tantas campanhas contra o racismo seríamos traídos pelo meio de comunicação mais “inteirado” que existe? A nossa queridinha internet. Foi através dela que as grandes empresas na tentativa de acertar, eu prefiro pensar assim, cometeram grandes erros que só “aceitaríamos” e repudiaríamos em livros de história.
A Dove foi acusada de racismo ao divulgar imagens de uma campanha no Facebook. Nas fotos, a marca mostra uma mulher negra que tira sua camiseta e se “revela” branca ao usar um dos seus sabonetes.
A Personal, marca de papel higiênico da Santher, lançou um papel higiênico preto, o Personal Black, utilizando como slogan a frase “Black Is Beautiful” [negro é lindo], ícone da resistência do movimento negro. norte-americano. Houve reação negativa em relação ao produto, e a atriz Mariana Ruy Barbosa virou alvo de críticas.
Depois de toda a repercussão negativa, as marcas não demoraram para se desculpar. Houve quem boicotasse as marcas e fizesse campanha contra as ações das propagandas. Eu sigo indagando o porquê de tanta ignorância e um pouco de ingenuidade nos responsáveis pelas propagandas de marcas tão conhecidas e respeitadas no mercado brasileiro.