Da Ascom STJD
RIO DE JANEIRO – O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol) aceitou recurso do Brusque por injúria racial cometida por um dirigente do clube contra o atleta Celsinho, do Londrina. Por maioria, os auditores devolveram os três pontos retirados em primeira instância.
Foi mantida a perda de um mando de campo, multa de R$ 60 mil ao clube e a pena de 360 dias de suspensão mais a multa de R$ 30 mil ao dirigente Júlio Antônio Petermann.
O meia Celsinho, do Londrina, foi alvo de injúria racial na Série B do Campeonato Brasileiro. Na súmula do jogo entre Brusque e Londrina, no dia 28 de agosto, pela 21ª rodada da Série B, o árbitro cita as palavras ouvidas pelo meia Celsinho, nos minutos finais do primeiro tempo: “vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha”. O infrator foi identificado como presidente do Conselho Deliberativo do clube.
No dia 10 de setembro, o Londrina ingressou com uma Notícia de Infração juntando o documento do jogo, o Boletim de Ocorrência registrado pelo atleta, um vídeo do segundo tempo da partida em que afirma ser possível ouvir alguém gritar “macaco” e matérias jornalísticas veiculadas sobre o caso. O clube citou ainda a nota oficial do Brusque após o episódio em que critica e tenta desqualificar Celsinho, além da nota posterior com pedido de desculpas do clube catarinense ao meia.
A Procuradoria enquadrou o Brusque e seu dirigente Júlio Antônio Petermann no artigo 243-G do CBJD, “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.
O atleta Celsinho acompanhou o julgamento desde o início e falou sobre o episódio.
“Não se trata de um torcedor, uma pessoa que não tenha controle, trata-se de um presidente do conselho, de uma pessoa que deveria dar o exemplo e fazer o melhor. Uma pessoa que estava no estádio e que o clube autorizou. Sou pai de dois filhos, tenho que dar esclarecimentos por conta dessa e de outras situações”, disse Celsinho.
“Tenho um filho que me pergunta se já acabou esse problema do meu cabelo e das pessoas me xingarem. Como presidente do conselho ele deveria dar o exemplo”, completou o atleta.
“Quando cheguei já me deparei com a situação. Meu filho de 14 anos já entende e a repercussão e o peso que causa isso. Me deparei com meu filho chorando e o de cinco anos tentando entender e perguntando se a gente deveria cortar o cabelo. Isso me causou um dano muito grande não só no profissional, mas no pessoal também. A nota do clube também foi absurda. Não fui para o Brusque pedir para passar por isso. Não sou dessa maneira e não quero ficar vinculado e ser motivo de chacota em todos os estádios que eu vá”, concluiu, afirmando ter tomado as medidas criminais e cíveis cabíveis.