Da Redação
MANAUS – Quatro pessoas foram assassinadas no último sábado, no município de Lábrea, sul do Amazonas, na divisa do município de Acrelândia, no Acre, em um conflito de terras.
De acordo com informações do AC Jornal online, do Acre, jagunços armados chegaram na localidade denominada Seringal São Domingos e determinaram que os posseiros deixassem suas casas sem levar nada. Os que desobedeceram a ordem foram mortos.
Até a tarde de domingo, a notícia era de que apenas um homem havia sido morto com tiro de rifle, o marido de uma professora identificado como Nenes, de 53 anos. Outras três pessoas estavam desaparecidas.
Um grupo de cerca de 150 homes começou as buscas pelos desaparecidos, que durou 24 horas. Os três copos foram localizados na floresta, para onde muita gente fugiu com a chegada dos jagunços. A comunidade ainda não tem informações sobre os autores dos assassinatos.
Conflito de terras
A presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Acre, Rosana Nascimento, culpa o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pelo conflito que resultou nas mortes dos posseiros.
Ela afirma que a relação conflituosa preocupava os posseiros, que queriam a regularização das terras no sul do Amazonas. “O Incra tinha feito a documentação para a arrecadação dessa área e chegou até a receber dinheiro do governo federal para fazer a regularização fundiária, mas abandonou o processo”, disse.
Com as terras são reivindicadas por madeireiros, fazendeiros e posseiros, a falta de definição sobre a propriedade acirrou os conflitos. “O pessoal rege desta forma. Nada justifica essa chacina, a morte dessas pessoas, mas a falta de ação do Incra poderia ter evitado. Precisamos responsabilizar o Incra do Amazonas”, disse Rosana Nascimento ao ATUAL.
Como ocorreu
Dois posseiros que não tiveram o nome revelado informaram ao AC Jornal que conseguiram escapar da morte porque se humilharam. Os jagunços chegaram com a ordem de que todos deveriam deixar suas casas só com a roupa do corpo. “Nós saímos com vida porque nos humilhamos. Foi pela graça de Deus. Eles diziam o tempo todo que estavam lá para matar e mataram mesmo”, disse uma mulher que escapou da morte.
Ela e um homem que também conversou com o AC Jornal relataram o caso a moradores de uma comunidade próxima, no município de Acrelândia, e pediram ajuda para resgatar as pessoas que estavam sob a mira das armas ou que fugiram para as mata.
Foi então que um grupo de cerca de 150 homens decidiu ir ao local do conflito, mas só encontraram os mortos. Primeiro Nenes, que foi levado ao IML do Acre. Depois de 24 horas, outros três corpos foram localizados.